Pré-leitura do livro O Maravilhoso Bistrô Francês, de Nina George – por Osvaldo Euclides

A AUTORA

Nina George nasceu em 1973 e já teve livros publicados em 35 idiomas. Ela é casada com o escritor Jo Kramer, mora em Berlim e na Bretanha. Seu livro mais conhecido é A Livraria Mágica de Paris.

A PUBLICAÇÃO

O livro O Maravilhoso Bistrô de Paris, de autoria de Nina George, foi lançado no Brasil em 2018, pela editora Record, com 275 páginas – sete anos após o lançamento na Europa.

CIRCUNSTÂNCIAS

O romance entra na vida de uma mulher madura que, insatisfeita com a vida e infeliz no casamento, mergulha para a morte nas águas do Rio Sena, em Paris. Salva, ela sai de Paris, afasta-se do marido e de sua rotina de tédio sem sentido, em busca de algo que a pintura de um azulejo vagamente lhe sugere.

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO

O livro trata de situações extremas, como a tentativa de suicídio que aparece nas primeiras páginas, da infelicidade, da falta de perspectivas, sempre descortinando a luz adiante. O texto é firme, mas não perde a ternura e a beleza por um instante, por uma linha sequer, até na dor. Nina George conduz a narrativa com sensibilidade e leveza, próprias de uma nova mulher em construção, que só deseja viver se for com plenitude.

O LIVRO

Marianne e sua tentativa de construir do nada uma vida nova, romper com uma vida velha e encontrar um caminho completamente diferente, com pessoas que ela nunca viu, num lugar do qual sequer ouvira falar, trabalhando em algo que nunca dominou e abrindo-se ao amor.

Pessoas, emoções, eventos e lugares singulares compõem um livro denso e marcante.

CURTAS

“Em mulheres jovens, a beleza substitui o intelecto; nas velhas, o intelecto a beleza. O nada substituia apenas outro nada”.

“Lidar com conflitos significava se recusar categoricamente a entrar em um conflito”.

“Cozinheiros apaixonados usam sal demais. Os infelizes, conhaque demais”.

“E não é que os acasos podiam ser ajudas do destino?”

“Uma marca patnte das grandes almas é que elas não usam os erros dos outros contra eles”.

“Quem não se diminui não é amado, é desprezado”.

“O mais paciente de todos os amores é a amizade”.

“Aquele era o silêncio mais lindo que ela tinha ouvido”.

“Mal o espírito amadurecia, o corpo começava a fenecer.”

“Um batom para o dia a dia, um batom para a tarde e um amante para a noite. Ou ao contrário, dois amantes e um batom.”

BONS MOMENTOS

“Nos abraços de Marienne, a escultora encontrava a paz. Marianne disse a ela que o mar e sua rainha, Nimue, lhe sussurravam em seus diálogos secretos: que a morte e a vida são como a água. Nada se perdia. As almas fluíam a outro mundo e a outro lugar em outro tempo para encontrar um novo recipiente. Uma decantacão das almas”.

“As pessoas não mudam nunca! Nósnos esquecemos de nós mesmos. E, quando nos redescobrimos, pensamos que mudamos. Mas isso não é verdade. Não se podem mudar os sonhos, apenas matá-los. E alguns de nós somos assassinos muito bem-sucedidos”.

“Elas se movem. Ningueem vê. Nos Estados Unidos, existe um vale – o Vale da Morte. As pedras perambulam sobre a areia. Ninguém as puxa. Dá para ver as marcas com centenas de metros. Pedras se movem, sim”.

“Nunca consegui me acostmar com essa cena toda com o pão. Em Saintes, as mulheres levam pão oco na ponta de um galho durante a procissão do Domingo de Ramos. Fica parecendo um falo. O padre benze o pão para protegê-lo do mau-olhado das bruxas, e as mulheres o guardam o ano todo. Elas não o comem. Quem sabe o que fazem com ele?’

“Toda mulher é sacerdotisa. Todas elas. As grandes religões e seus pastores atribuíram um lugar à mulher ao qual ela não pertence. Relegadas à segunda classe. A deusa se transfomou em Deus; as sacerdotisas, em putas; e as mulheres que não quiseram se curvar, em bruxas…”

Osvaldo Euclides de Araújo

Osvaldo Euclides de Araújo tem graduação em Economia e mestrado em Administração, foi gestor de empresas e professor universitário. É escritor e coordenador geral do Segunda Opinião.

Mais do autor

Osvaldo Euclides de Araújo

Osvaldo Euclides de Araújo tem graduação em Economia e mestrado em Administração, foi gestor de empresas e professor universitário. É escritor e coordenador geral do Segunda Opinião.