Pré-leitura do livro ‘Mundo de Estratégias’, de Lucas Aguiar

O AUTOR

Lucas Aguiar é empreendedor, designer e consultor da área digital. Com 31 anos, concebeu, desenvolveu e colocou no mercado algumas start up’s. Estudou Inovação e Estratégia em Stanford em 2019. Em 2020, Inteligência Artificial e também Estratégia novamente. Lidera um grupo informal de estudos e debates do tema.

 

A PUBLICAÇÃO

 

O livro MUNDO DE ESTRATÉGIAS, de autoria de Lucas Aguiar, foi lançado em março de 2020 em plenos tempos de quarentena com 121 páginas.

 

CIRCUNSTÂNCIAS

Lucas Aguiar manteve por longo tempo um grupo de diálogo sobre estratégia. Depois foi ao Vale do Silício em dois semestres consecutivos para fazer cursos de Stanford na área, depois de ler e resenhar (com o grupo) 72 livros de gestão. Este livro é sua primeira incursão como autor.

 

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO

 

Tratar um assunto complexo com simplicidade é o primeiro desafio que o livro vence. Sempre que alguém trata de estratégia, escolhe uma das duas abordagens: a teórica ou a prática. Lucas Aguiar criou um curso e depois escreveu o livro. Nos dois há mais prática e objetividade do que teoria. A linguagem é acessível a todos, mas executivos e empresários tendem a aproveitar mais e melhor, sobretudo se percorrerem os dois (curso e livro).

 

O LIVRO

 

O livro Mundo da Estratégia, de Lucas Aguiar, se estrutura em 20 capítulos curtos, cada um deles remetendo ao cinema, a livros, a guerras, a guerreiros e a momentos de grandes viradas históricas na política e na economia do mundo desenvolvido. O livro parece ter a função de um aperitivo do curso ou como uma sobremesa farta e nutritiva para quem fez o curso.

Lucas escreve com simplicidade e escolhe com inteligência e adequação os temas de cada um dos capítulos. A leitura acaba sendo uma deliciosa viagem no tempo e, lidos em seu conjunto, os capítulos formam um preciso mosaico estratégico na mente do leitor.

 

INSIGHTS

 

“Coloco sobre minha mesa as propostas alternativas, estudo-as uma por uma com toda atenção. Então, fecho as pastas e os olhos e, para decidir, recorro à minha intuição”

“Ou você acha que os dois países foram à Lua apenas para ver São Jorge e seu cavalo enfrentando o Dragão?

“Cisne Negro, um evento inesperado, que produz impacto e mudanças e que, depois de algum tempo, mostra-se fácil de entender e até poderia ter sido previsto. E todos a ele se adaptam.

“Depressão, Nazismo e Fascismo provocaram, mesmo entre os vencedores, mais problemas do que a Primeira Guerra. E todos perderam.

“O jiu-jitsu ensina muito mais que golpes. Nos últimos 6 anos aprendi resiliência, respeito, hierarquia, auto-estima, paciência e confiança.

“Choque do Petróleo mostrou: os planos eram feitos para o que parecia provável. O novo padrão deveria ser: é preciso planejar para tudo o que for possível.

“O liberalismo está sempre indo e voltando. A intervenção do Estado também.”

 

IDEIAS CENTRAIS (Bons Momentos)

 

“O cinema é uma arte especial. Os norte-americanos a usaram durante décadas para exportar para o mundo, de forma subliminar ou direta, tudo o que lhes interessava – produtos, marcas, cultura, estilo. O cinema tem características que tornam as pessoas especialmente receptivas às mensagens: música, imagem, movimento, beleza, ritmo, tudo muito bem articulado… Tudo isso é jogado aos olhos, ouvidos, aos corações e à mente de pessoas que foram ali para entregar-se a esta experiência estética. Raramente o espectador filtra criticamente a mensagem, a tendência é recebê-la, incorporá-la inconscientemente.”

 

“Em duas guerras mundiais, a Primeira e a Segunda, os EUA têm papel relevante e decisivo. São favorecidos pelo fato de que as guerras aconteceram longe de seu território. São favorecidos porque não são diretamente agredidos, nem são imediatamente obrigados a entrar no campo de batalha. Produzem e vendem para os países em guerra, e prosperam (enquanto quem estava à sua frente sofre e declina). Atraem capitais e fortunas das elites dos países diretamente envolvidos. Enfim, ganham com a paz, ganham com a guerra e depois de novo com a paz.”

 

“Os generais, então, posicionavam suas tropas em condições de iminente confronto. A partir daí os dois exércitos movimentavam-se, homens, animais, carroças, catapultas, usando sinalizações de bandeiras, bandeirolas, de cornetas, de tambores. Um exército movia-se, o outro reagia. E assim sucessivamente. Não acontecia o confronto sanguinário, só a “dança estratégica”. Num determinado momento, um dos exércitos alcançava um posicionamento estratégico tão diferenciado e tão favorável, que o adversário reconhecia a derrota, retirava-se, e assim evitava-se o banho de sangue, a perda de vidas e ativos.”

 

“A arquitetura do templo só era superada em beleza pelo design do interior e por sua decoração interna, sempre viva, colorida, cheia de mensagens, ora nítidas e diretas, ora indiretas e sutis. Nesse ambiente, a igreja realizava seu evento regular: uma cerimônia que se repetia na estrutura central, mas que se adaptava ao momento e à demanda dos fiéis. E no meio do evento, o condutor da cerimônia dava o feedback aos presentes: o sermão.”

 

“(O Xadrez) Na verdade, cada jogador deve ser capaz de prever os próximos lances dele próprio e também de seu adversário. É um jogo dinâmico, dialético, cenários em constante mudança, as “pedras” em movimento, os jogadores fazendo e reformulando planos continuamente. Ação e reação, ataque e defesa. Ao mesmo tempo, é um jogo que exige silêncio, pede atenção plena, os jogadores ficam frente a frente, não podem fazer nada para distrair a atenção do oponente.”

 

“Aquiles, o guerreiro, queria a glória a ser conquistada através da vitória nas batalhas. A glória que os guerreiros buscam é aquela que os fazem lembrados para sempre, seus nomes sendo pronunciados por toda a eternidade. Maquiavel continua lembrado, séculos depois. Pode ser que tenha seu nome pronunciado por muitos outros séculos e por muitos outros guerreiros e pensadores.”

 

“O “New Deal” foi uma importante e verdadeira modificação de paradigmas. Roosevelt foi acusado de ser intervencionista e outras coisas. A imprensa não o poupou, os donos de grandes fortunas e banqueiros temiam pelos resultados desta “intervenção despropositada”, mas a coisa funcionou. E a economia, o crescimento e os empregos se recuperaram. O liberalismo perdeu prestígio e descobriu-se que o Estado tem um importante papel a desempenhar na macroeconomia, sobretudo em momentos de grave e duradoura recessão.”

 

“Foi necessário aprender golpes que conseguissem finalizar o oponente sem precisar ser uma pancada como um soco ou chute, e sim uma torção, uma quebra de osso ou uma asfixia, já que os pescoços acabam um pouco mais expostos que o normal, devido ao espaço livre entre o kimono e o capacete. Naquele tempo não havia armas de fogo, e normalmente cada samurai carregava consigo sua katana, que é a espada de maior tamanho, e mais uma de menor porte, que servia para distâncias curtas, ou como segunda arma, caso perdessem a sua katana.”

 

 

Osvaldo Euclides de Araújo

Osvaldo Euclides de Araújo tem graduação em Economia e mestrado em Administração, foi gestor de empresas e professor universitário. É escritor e coordenador geral do Segunda Opinião.

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