PRÉ-LEITURA DO LIVRO “CONTOS DA MITOLOGIA GREGA”, DE GRECIANNY CORDEIRO

A AUTORA

Grecianny Cordeiro é mestre em Direito e doutoranda em direito constitucional, promotora de justiça. É escritora com dez livros lançados e co-autora em outros tantos. Integrante da Academia Cearense de Letras.

A PUBLICAÇÃO

O livro “Contos da Mitologia Grega”, de autoria de Grecianny Cordeiro, foi lançado em 2024, pela editora Caravana, com 132 páginas. Prefácio (e orelha) de Francisco Humberto Cunha Filho. Contracapa de Vanessa Passos.

CIRCUNSTÂNCIAS

A mitologia grega é tema bastante explorado em muitas publicações. Entretanto, apesar do seu potencial, a leitura tem sido dificultada, ora pelo excesso de detalhes, ora pela sua falta, ora por torrentes de nomes e frieza dos textos.

Grecianny Cordeiro se propôs a contar histórias breves e dinâmicas centradas nas figuras da mitologia grega (deuses, semideuses, heróis, titãs…) com originalidade. Escolheu fazê-lo em forma de contos, para dar mais vida aos “fatos” e ajudar o leitor a compreender melhor esses mortais e imortais, na medida em que este formato literário permite colocar contexto e circunstâncias nas tramas que os envolvem.

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO

A mitologia grega é uma ferramenta importante para pessoas que querem entender o mundo e entender a si mesmas, a base ancestral de seu comportamento, suas origens, a trajetória das sociedades que chegaram à modernidade.

A força e a fragilidade humana estão sutil ou explicitamente descritas nas personagens mitológicas, mortais ou imortais. Grecianny Cordeiro dá sua contribuição para tornar mais acessíveis esses elementos, essas “informações”, essas lições.

O LIVRO

A autora fez uma seleção racional e didática de protagonistas para esta abordagem literária. Os contos que compõem a obra, assim como sua sequência e o próprio estilo do texto, tornam a viagem da leitura mais amigável aos interessados mais atentos.

Os mais de dois mil anos que nos separam não impedem que se percebam nas páginas do livro identidades completas e paralelos perfeitos com a realidade contemporânea. Até o equivalente de uma crise ambiental aguda está implícita no capítulo destinado à “mãe que nunca desiste”. Ou um caso explícito de assédio — naquele tempo uma mulher diria “não é não”.

Em vários momentos, pode-se até concluir que nada é mais humano do que o comportamento de um deus ou de um semideus.

Curtas

“… O que é um mito? Ficção? Falsas crenças? Invencionices? O mito constitui um pouco de tudo isso, e muito mais.

“…Minos somente veio a saber da abjeta traição da esposa quando ela concebera um filho de aspecto monstruoso, com cabeça de touro e corpo de homem, a quem fora dado o nome de Minotauro. 

“… Gaia era plena e generosa, cônscia de sua importância para aqueles que a habitavam. Por mais que viesse a ser mal tratada e vilipendiada, era incapaz de permitir que alguém, sob seu jugo, passasse por privações. 

“… Prometeu criou o homem com base na argila e água, moldando-o à semelhanca dos deuses. Coube a Epimeteu atribuir-lhe vários dons: força, inteligência, beleza, sabedoria, destreza…

“… Epimeteu casou-se com Pandora e viveram felizes, na mais plena harmonia. Certo dia, entretanto, quando Epimeteu não estava em casa, Pandora não conteve a curiosidade que há muito a incomodava e ficou contemplando demoradamente a caixa enviada por Zeus…

“… Condenado à solidão, Orfeu vagou sozinho pelo mundo, isolado de qualquer contato humano, prisioneiro de sua infinita tristeza, refém de um arrependimento sem fim…

BONS MOMENTOS

“… No começo era o Caos, um espaço escuro e vazio onde tudo era disforme e indefinido. Do Caos surgiria Gaia (a Terra), de fartos seios, a acolher todos os seres sob a sua proteção, dando-lhes alimento e abrigo, nada lhes deixando faltar. Em seguida apareceria o Tártaro (o Mundo Inferior), o vasto abismo que serviria de morada ao Sono e à Morte, os filhos da Noite a quem o Sol nunca fazia chegar seus raios fulgurantes. E, por fim, apareceu Eros (o Amor) – aquele capaz de domar o desejo dos mortais e imortais, com seu poder transformador…

“… Desde os tempos imemoriais, os deuses mantinham paradoxal relação com os mortais, boa parte das vezes, subjugando-os a seus caprichos, submetendo-os a duras provações; noutras situações, eram despertados por uma paixão tão intensa quanto efêmera, mas que sempre resultavam no nascimento de semideuses, a gozarem de uma proteção especial do pai ou da mãe imortal. Já o casamento entre um mortal e um imortal era sempre um grande acontecimento, algo incomum e o insólito,  potencializando a atração de olhares de curiosos, gerando expectativas…

“… Com sua deliberada inação, a Terra (Gaia) ficou estéril, os campos murcharam, as colheitas se perderam, as árvores não mais deram frutos, os incêndios castigaram o solo sofrido e o calor incessante fez evaporar a água dos rios. A fome se alstrou pelo mundo. Os animais pereciam e os homens padeciam famintos e sedentos, pois não tinham nada para se alimentar ou beber. Os mortais entraram em pânico porque ficaram incapazes de reverter a situação e pedir ajuda dos deuses…

“… Medusa era uma das três terríveis Górgonas que morava em uma ilha distante… As Górgonas eram figuras monstruosas. Na cabeca, no lugar de cabelos, havia diversas serpentes em constante movimento. Seus dentes eram pontiagudos e se assemelhavam a presas de javali. O corpo era coberto por escamas e suas mãos eram de bronze, além de possuirem asas de ouro. Assustador mesmo era o olhar delas, algo a ser evitado por quem quer que fosse, sob pena de serem petrificados…

“… Resoluto, Prometeu foi até o Olimpo e, astutamente, aproveitando-se de um momento de distração de Zeus, furtou-lhe o fogo eterno. Para que não fosse flagrado, o titã escondeu o elemento sagrado em uma cânula de madeira e retornou à terra. Foi com alegria que Prometeu entregou ao homem um recurso capaz de lhe assegurar imensa vantagem em relação aos demais seres vivos, um verdadeiro tesouro, que utilizaria para sua sobrevivência, além de dotá-lo com a capacidade de aprender muitas ciências e artes…

“… Ao longo da história da humanidade, várias guerras foram travadas: entre tribos rivais, distintos povos, poderosos impérios; quer por motivos econômicos, quer por disputas de territórios, por desavenças políticas, por intrigas pessoais ou pretextos dos mais desarrazoados, até mesmo pelo amor de uma mulher ou pela frustração de um homem traido. Assim foi a Guerra de Tróia, cujo desencadeamento do conflito se deu em virtude do rapto da estonteante Helena, esposa do rei espartano Menelau, pelo principe troiano Paris. 

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