Por falar em banco central, quem disse que rico não pode ser contrariado?

O Brasil inteiro se mostra incapaz de debater de forma consistente a questão das taxas de juros da dívida pública. O fato concreto é que o tempo passa e, ao invés de baixar, o juro subiu. Sim, o juro real subiu porque a inflação caiu e a taxa nominal ficou parada. O juro permaneceu em 13,75 por cento ao ano e a inflação em doze meses caiu para menos de 5 por cento ao ano. Traduzindo para o leitor comum: o juro subiu! E a questão ganha em calor, mas não recebe luz. Não há adjetivos para qualificar o que está acontecendo, o dicionário não traz. O código penal, sim.

O tempo passa devagar. O problema é que enquanto o tempo passa o Tesouro Nacional continua pagando juros aos rentistas acima do necessário, do razoável. São os superricos.

Quando criança, eu ouvia adultos dizerem: rico ri à toa; ricos não podem ser contrariados…A gestão da dívida pública é prova provada de que essas afirmações populares são verdades verdadeiras.

O que está acontecendo com o país é que centenas de bilhões de reais estão mudando de mãos de uma forma e a um custo que não parecem minimamente legítimos. Saem dos cofres públicos direto para bolsos privados.

A dívida interna está se aproximando de sete trilhões de reais e o juro anual pode passar de oitocentos bilhões de reais. Jogo de dinheiro.

Endinheirados do mundo inteiro trazem grana para aplicar a 13,75 por cento ao ano. Sem risco, liquidez plena, alta rentabilidade. E os gringos ainda podem ganhar um lucro extra super especial, dependendo da taxa de câmbio na entrada e na saída.

Sim, porque a taxa de câmbio no Brasil não oscila como nos outros países. Ela passeia de montanha russa.

É como uma festa que nunca acaba, alegria como um vício. Por isso rico ri à toa.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.