Para trás é que se anda. Isto não é uma análise, uma avaliação ou uma opinião, é um fato matematicamente comprovável por qualquer pessoa que se ponha a fazer as mais básicas contas das finanças públicas. Eis o fato: o Brasil terminou 2019 com o Produto Interno Bruto (PIB) 5,5% menor que o PIB do final do ano de 2014. Agora uma projeção tornada pública por um grupo de economistas nesta quinta-feira: o Brasil vai terminar o ano de 2020 (agora com pandemia & pandemônio) com o PIB dez por cento menor que o PIB com que terminou o ano de 2013. Para trás é que se está andando.
Os “economistas de mercado”, aqueles que são chamados pelos veículos da imprensa sudestina para chancelar a opinião e a análise de seus colegas “jornalistas de mercado”, entretanto, apesar de todas as evidências e contrário a todos os fatos e números continuam com a lenga-lenga da “retomada da economia”, para o que são urgentes, virtuosas e indispensáveis as “reformas & privatizações”, também conhecidas como “agenda do Guedes” ou a “ponte para o futuro” da trinca Temer-Cunha-Aécio.
Já engessaram o serviço público do país com a Lei do Teto de Gstos, uma aberração em termos de gestão estratégica para um país como o Brasil. Essa lei congela por 20 anos os gastos sociais (educação, saúde, segurança, assistência, por exemplo), votada em 2016.
Também já passaram a Reforma da Previdência, sem triscar nos privilégios do andar de cima do serviço público, o que resulta num envergonhado comentário feito à boca pequena de que uma nova reforma será necessária. Notem: mal faz um ano que foi aprovada.
Também passaram a Reforma Trabalhista precarizando as condições dos trabalhadores de carteira assinada e empurrando para a informalidade e para a negociação selvagem os trabalhadores mais desprotegidos. E isso fizeram dizendo que era para “o bem do trabalhador”, e que seriam gerados dois milhões de empregos imediatamente.
Agora falam de uma reforma tributária tão avergonhadamente que sequer a expõem ao debate público, nem ao Congresso a apresentam.Uma coisa estranha.
Em 2014 e 2015 jornalistas, economistas e parlamentares alertavam para o “drama” de um déficit fiscal primário de trinta bilhões de reais, como se fosse uma emergência a ser resolvida antes da semana seguinte, ou o Brasil cairia num abismo. Cinco anos se passaram e o déficit mutiplicou-se, passou e continuam passando de cem bilhões todo ano.
E falam de privatizações como se estivessem falando de doações de patrimônios que valem centenas de bilhões.
Estranho, não?