Ainda impactada com o filme “Mais Pesado é o Céu” do diretor cearense Petrus Cariry. O que vejo na tela parece ser uma tradução da vida e da morte, não como cara e coroa, mas como cara e cara. Fiquei feliz com a sala 2 do Cinema do Dragão do Mar L O T A D A!
A narrativa se arrasta nesse nosso chão cearense, uma BR, longa estrada, um homem e uma mulher com um bebê, perdidos, voltando para a Velha Jaguaribara, cidade cearense soterrada pelas águas. Na estrada, no meio do mundo, destinos incertos, fome, completa incerteza do presente, passado ou futuro. Um homem e uma mulher estão entre o céu e a Terra, buscando não sei o quê, talvez uma coisinha qualquer que traga uma pouquinha alegria.
Dois perdidos, embalados, atordoados pela música repetida do choro do bebê faminto. A tela é o chão cru onde a vida desacontece, ou acontece assombrosa e ao mesmo tempo delicada com os gestos de Antônio, o imenso Matheus Nachtergaele, com o bebê no colo, e um céu sempre azul, de um clarão estonteante.
Terra e Céu, Vida e Morte, algumas vezes parecem não ter uma divisão. Lembrei “A Hora da Estrela”, 1º longa-metragem de Susana Amaral, nos anos 1980, com Marcélia Cartaxo e José Dumont, maravilhosos mostrando a mente prodigiosa de Clarisse Lispector. Lembrei também “Tiradentes”, de Oswaldo Caldeira, (meu amigo do Facebook) e lembrei de “Um Cotidiano Perdido no Tempo”, de Nirton Venancio.
Esses três filmes, dos anos 1980/1990, me fizeram amar o Cinema Brasileiro e Cearense. Tive a sorte de conhecer o diretor desse “Céu”, ainda bebê. Seus pais, @Rosemberg Kariri e Teta Maia foram meus vizinhos durante a minha juventude. @Nirton Venâncio, também um amigo que gosto e admiro. Entendo quase nada de cinema, mas gosto de me deleitar olhando para uma tela grande, sair com amigos para ver um filme.
Minha alegria é maior por saber que meus amigos estão brilhando, ganhando prêmios numa produção tão difícil, como parece ser essa do cinema. Foi uma alegria também na noite de ontem ver Joao Vitor Barroso que assina a trilha sonora espetacular! João Vítor, conheci na barriga de sua mamãe, Maria Rejane Reinaldo Reinaldo, com a qual fiz teatro, sob direção do nosso querido Oswald Barroso.
Bárbara Kariri, filha de Rosemberg e Teta Maia, ainda tem uma carinha de menina, mas está produzindo essa potência de arte que nos oferecem agora. Vi ontem também Lana Benigno e Sergio Azevedo da Silveira que fazem a direção de arte dessa pérola cinematográfica de Petrus Kariri. Conheço Lana aqui do Facebook. Uma fada dos bonecos.
Vale a pena ver “Mais Pesado é o Céu”. Os prêmios que esse filme vem arrebatando são merecidos. As Horas das Estrelas, entre o céu e a Terra, estão sendo horas de beleza, alegria, sensibilidade tocante, ao mostrarem o fio invisível que nos une nessa BR, nessa estrada da vida.
Vamos ver “Mais Pesado é o Céu”. Parabéns a todos que trabalharam nesse filme para nos mostrar Vida e Morte nesse dia a dia incerto, mas sobretudo, por nos mostrarem a nós mesmos, ao mesmo tempo, brutalidade e delicadeza.
Olhemos o Céu.
03/02/2024
Dora de Paula
Marta Maria de Paula Goncalves
Filme bom é mehor ainda de assistir e quando se trata de prestigiar uma obra assim , com tantos valores da terrinha, aí é só reverenciar!! Parabéns a Dora pelo comentario certeiro!