Em entrevista ao Estadão Tasso Jereissati foi perguntado como ele avaliava a trajetória recente do PSDB no Brasil. Ele assim respondeu:
“O partido cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer. Foi a gota d’água, junto com os problemas do Aécio (Neves). Fomos engolidos pela tentação do poder.”
Esses canalhas destruíram o Brasil. Um país que nunca vi tão bem, apesar de ainda ter enormes problemas, mas que vinham sendo remodelados, reconstruídos e uma nova forma de país estava a nascer, apesar de existir por trás, desde 2004 – 2005 alguém que com um tal de mentirão, já mostrava estar disposto a destruir o Brasil e o sonho de muitos brasileiros.
O Brasil que falo é o Brasil de 2013, junho de 2013, quando o golpe que vinha em curso desde o inicio do mensalão tomou força. Um pouco antes, em 19 de março de 2013, a então presidente Dilma Rousseff batia recorde de popularidade com 79% de popularidade segundo a pesquisa CNI/ Ibope. Nesse período terminamos o ano com a menor taxa de desemprego já medida na história do Brasil, de apenas 4,3% de desempregados e com 11,5 milhões de trabalhadores com carteiras assinada. Ou seja, vivíamos o pleno emprego e este era a sexta economia mundial, onde em comparação com o ano de 2003, ano que Lula iniciou o seu governo, foram ao total quatro milhões a mais de empregos segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em 2014, deveria ter sido um ano glorioso para o Brasil que voltava a realizar uma copa do mundo após 64 anos da primeira e última copa aqui realizada. Mas os golpistas, os irresponsáveis, continuaram com o golpe em curso e plantaram varias movimentações durante o evento mundial tentando manchar a imagem do país e assim prejudicar a imagem do Partido dos Trabalhadores que já vinha sendo manchada desde o inicio da AP 470 que foi apelidada pela grande mídia de mensalão com o intuito de ligar o partido à corrupção e assim destruí-lo, exterminá-lo da política brasileira. Tática essa da direita que foi apelidada por Fernando Henrique Cardoso de “bater até sangra”. Parecia ter sucesso continuou ganhando força desde a condenação os lideres petistas no final do julgamento desta AP em 2012 até as eleições municipais de 2016 quando o partido teve diminuição no número de prefeitos e vereadores.
Ainda em 2014, Dilma foi reeleita presidente do Brasil mesmo diante dessas e outras tantas adversidades. Ganhou a esquerda brasileira, ganhou todos aqueles que desejavam ter um Brasil para todos os brasileiros e não apenas para uma pequena elite golpista. No entanto, pela primeira vez na história desse país, que eu recorde, um candidato adversário derrotado e junto com o seu partido, o PSDB, pedem auditoria nas urnas eletrônicas.
Em julho de 2015, o senador Aécio Neves foi reeleito presidente do PSDB e volta incitar o ódio no Brasil dizendo: “Não perdemos a eleição para partido politico, e sim para uma organização criminosa que se instalou no seio do Estado nacional”. E vai mais longe dizendo que Dilma não concluirá mandato e convoca o partido a unidade para que juntos possam tirá-la do Planalto (Não bem nessas palavras, mas assim: “não ficará mais quatro anos no Palácio do Planalto”). Mostra-se assim que não reconheceu a derrota e que fará de tudo para derrubar o governo em curso eleito legitimamente por 54 milhões de votos.
Dilma Rousseff foi deposta em 31 de agosto de 2016. Ao deixar o cargo de presidente do Brasil os golpistas já tinha desencarrilhado alguns vagões do trilho brasileiro e o país já chegava a 11,8% de desempregados, ou 12 milhões de pessoas desocupadas. Os golpistas conseguiram e jogaram no colo da esquerda, do Partido dos Trabalhadores a pecha de mau administrador, de corrupto e a partir daí muitos vem dizendo que eles são os culpados por quebrarem o estado brasileiro entre outros males sem fazerem essa ou outras análises da conjuntura antes, durante e depois do golpe no Brasil e de toda a geopolítica mundial, pois não podemos analisar nada separadamente.
Então, de 2016 a 2018, Tasso Jereissati, o PSDB e todos os que apoiaram o golpe de 2016 vem sofrendo de impopularidade a cada emprego que desaparece, a cada política pública que tem fim, com a ação truculenta do juiz Sério Moro de prender Luís Inácio Lula da Silva sem provas, injustamente, com cada ação truculenta do supremo, do TRF, di STJ, do STF, da Polícia Federal e de toda essa turma que tem dado respaldo a essa farsa democrática que hoje vivemos e que tem vendido o Brasil a preço de banana e provocado filas gigantescas em busca de emprego assim como víamos em 1997, nos anos governados por Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Tasso agora se sente “arrependido” não pelo país está ruim, pois como empresário seus negócios devem ir muito bem, mas por estar vendo o seu partido afundando, desmoralizado e ver o feitiço virar contra o feiticeiro.
Por Luiz Carlos Prata Regadas.
Sociólogo e Mestre em Planejamento e Políticas Públicas pela Universidade Estadual do Ceará.