Choro a perda de parentes e amigos vitimados pela Covid-19. Choro mais ainda, vendo Manaus morrendo asfixiada por falta de oxigênio. Vomito ao ver a imagem cínica do Bolsonaro falando asneiras na TV. Vomito mais ainda quando vejo pessoas cegas à realidade e apoiando a sua desídia administrativa e o desrespeito à vida.
Um lampejo de consolo aparece quando acredito que nada perdura para sempre. Os golpistas que, há poucos dias se banqueteavam, hoje são caras pálidas acuadas com o bode sujo e fedorento (ver parábola do bode) que colocaram na sala … vergonha alheia para o mundo inteiro!
Falta aos partidos da esquerda (e ainda existe algum?!) a coragem de tomar as ruas e as praças, denunciando os descaminhos e anunciando o fim dessa derrocada.
Determinam isolamento social que existe só para alguns. Casebres e palafitas das periferias se assemelham a latas de sardinha … seres humanos empilhados. Transportes públicos apinhados de pessoas indo e vindo para salvar o SM, Salário Mínimo ou Salário Miserável, termos que se equivalem.
As instituições continuam lerdas e inoperantes. Não vejo justificativa para Ministros, Parlamentares e funcionários dos altos escalões trabalharem em sistema Home Office, se têm transportes próprios ou pagos pelo erário e espaços de trabalho amplos, seguros e confortáveis.
É de cortar coração perceber o poder de compra do auxílio emergencial concedido a duras penas, cortado agora, e os direitos conquistados a sangue e suor, serem vilipendiados em nome de um Estado Mínimo a serviço de poucos. Algumas perguntas se impõem: onde anda a justiça? Alguém viu a amada e tão propalada democracia por aí? Por quê Lula está com seus direitos políticos cassados? Por quê os filhos do Presidente não são investigados? Por quê os pedidos de impeachment do Bolsonaro não vingam? Para quê frente ampla? A favor de quem? … … …
Quem brinca com fogo pode se queimar. Não faz muito tempo, eu vi homens, mulheres e crianças famintas, saqueando bodegas e armazéns para conseguir escapar. A fome é uma energia impulsionadora do instinto de sobrevivência. Se ela bater à porta com mais força, shoppings, supermercados, lojas e bancos que se cuidem! A fome é má conselheira, diz um dito popular. Ja sinto o faro da onça querendo beber água. Já ouço panelas batendo pelo Brasil afora. Esses protestos ordeiros são sintomas de uma dor profunda. Ouçam-nos.
Fome, desemprego, falta de assistência à população, acefalia e desumanidade do Poder Central, privilégios e corrupção assolam. Está chegando ao limiar da tolerância. Já viraliza nas redes sociais um louro batendo panelas também; algo tragicômico.
Vejam! Ouçam! Sintam! É o recado do papagaio. Pode ser um prenúncio.