Uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas (1) em um conjunto de grandes empresas do setor de máquinas e equipamentos ligadas à cadeia produtiva petroleira forneceu um bom retrato dos efeitos da Petrobrás sobre o sistema industrial brasileiro: das empresas entrevistadas, cerca de 80% revelaram que sua inserção como fornecedora da Petrobrás significou a introdução de novos produtos e serviços; cerca de 70% das empresas afirmaram que a relação com a Petrobrás também significou o aumento das vendas para outros clientes, a contratação de novos funcionários e a modernização de processos produtivos.
Aproximadamente metade das empresas declararam que ampliaram seus gastos em P&D em razão dos contratos com a Petrobrás, e ainda cerca de 20% das empresas iniciaram processos de internacionalização a partir da atuação como fornecedora da Petrobrás.
Vale também ressaltar que os principais impactos se revelaram justamente nos setores de bens de capital, cuja dinamização tem importantes efeitos de encadeamento e em fornecer ganhos de produtividade para o restante do sistema industrial.
A relação entre Petrobrás e fornecedores ainda é permeada por empresas de serviço industrial, como engenharia de projeto e detalhamento, permitindo a inserção não só de empresas industriais, como o desenvolvimento de atividades de serviço com alto conteúdo tecnológico.
De modo geral, o sistema de empresas públicas foi ao longo do século 20 o principal fator de consolidação de sistemas nacionais de pequenas e médias empresas com competitividade internacional.
A contradição entre grandes empresas e pequenas e média é, na maioria dos casos, apenas aparente; via de regra, países com grandes empresas nacionais – sobretudo públicas – possuem sistemas robustos de pequenas e médias empresas.
Isso porque as estratégias de crescimento das grandes empresas estatais serviram ao longo do desenvolvimento capitalista de suporte à expansão das atividades das pequenas e médias empresas nos casos de maior êxito.
No caso da Petrobrás, os levantamentos realizados nas empresas vinculadas ao Prominp demonstram efeitos significativos na ampliação da produção, capacitação tecnológica e geração de empregos.
Assim como seus pares, a Petrobrás vem se tornando um ponto de suporte para o sistema de pequenas e médias empresas brasileiras, que, vale lembrar, respondem por cerca de 60% do emprego nas regiões metropolitanas e por cerca de 25% do PIB, e são geralmente o elo mais fraco da indústria nacional.
(Trecho final de artigo de Marco Antonio Rocha, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT-IE/Unicamp) publicado em www.brasildebate.com.br)
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