O capitalismo é de direta e de esquerda. Aliás, estes termos surgiram na Europa para classificar os partidos políticos modernos que disputam o poder em função da administração pelo Estado das condições de produção e reprodução da acumulação do capital. No inicio, os capitalistas de esquerda acreditavam no poder da representação política como forma de suplantar o Antigo Regime e fortalecer um capitalismo com igualdade, liberdade e fraternidade para os homens brancos e europeus, pois o pacto social eurocêntrico era um pacto racial e colonial. Os mesmos que defendiam a liberdade e a igualdade defendiam também a colonização e a escravidão no Mundo Novo, na África e na Ásia, uma vez que eram donos de plantações e de escravos nas colônias. A liberdade e a igualdade eram universais abstratos restritos à raça branca, entendida como raça superior universal em si e para si. Nas colônias, as elites euro centradas pós-“independência” vão manter o colonialismo interno como um subproduto da colonialidade do poder, do saber e do ser.
O capitalismo, como não suporta nem a liberdade e nem a igualdade de forma elástica, inventou a democracia formal, como respeito às regras do jogo, para impedir os levantes revolucionários, mas sempre recorre a ditaduras,golpes militares e parlamentares, quando a vida institucional é administrada de forma a realizar distribuição de renda ou suspendendo o processo desejado de acumulação de riqueza, de destruição da natureza e de empobrecimento permanente da população por meio do barateamento do trabalho e da retirada de diretos.
No pós-guerra, os partidos de esquerda passaram a acreditar que seria possível administrar o capitalismo e ao mesmo tempo garantir um estado de bem-estar social, o que foi possível apenas em alguns países da Europa e por meio do neocolonialismo imperialista. O resultado foi a crise estrutural do capitalismo- — iniciada nos anos de 1970 — e do neoliberalismo como resposta do capital para sua própria crise. A crise do neoliberalismo — entre as décadas de 1980/2010 — fez ressurgir o fascismo, que a imprensa chama de extrema direita.
No Brasil, o fascismo- negacionista, golpista, patriota, misógino, patriarcal, homofóbico, racista, sexista, teocrático, neoliberal, que odeia pobre- está organizado em torno do bolsonarismo. Portanto, ao derrotar André Fernandes nas eleições municipais barramos, em Fortaleza, o fascismo na administração municipal. As eleições, também, marcaram a decadência do Trio CIROSAR (Ciro, Roberto Cláudio e Sarto), que, por ressentimentos, se juntaram a ele.
André Fernandes, Carmelo Neto e outro/a/s que estão entrando na política com discurso de renovação, mudança e transformação não são nem uma coisa nem outra; são a reatualizacão do conservadorismo, a reprodução do velho por meio de dispositivos modernos de mídias sociais. Na política, não é a idade, mas a visão de mundo que funciona como marcador de mudança estrutural com horizonte emancipatório. Nesse sentido, Ailton Krenak, liderança indígena no país, com 71 anos, autor de “Ideias para adiar o fim do mundo”, é mais novo e representa mudança, ao contrário da juventude fascista que vem eclodido em nosso país e no mundo.