O LIVRO LIVRE, por Carlinhos Perdigão

​Um dos conceitos da Linguística Textual sustenta que o ato de ler é um processo de interação entre autor e leitor mediado pelo texto. Portanto, iniciativas relacionadas a tal processo devem ser valorizadas. O intuito é fomentar encontros das pessoas com o universo textual.

​O pesquisador Jean Foucambert, por sua vez, já afirmou que o ato de ler significa encontrar a informação que se escolheu procurar. Ainda segundo ele, a leitura é, por natureza, “flexível, multiforme”. Partindo daí, pode-se refletir sobre o lugar da leitura para além dos limites intraescolares.

​Em foco, portanto, a ideia do desenvolvimento permanente de competências leitoras. Nesse sentido, pode-se afirmar que a leitura não é um processo que se conclui na escola, um espaço de formação. Ou seja: é no meio social que se concretizam práticas de leitura e escrita. Portanto: escola e sociedade devem estar vinculadas na formação cidadã das pessoas.

​Assim, o entorno escolar precisa ser valorizado: professores, alunos, pais, gestores e até o bairro podem fazer parte de uma comunidade receptora de textos. A tentativa é a viabilização de ambientes leitores – que se desejam interferentes e proativos – para além dos muros da escola.

​Todo esse contexto é valorizado em projetos como o Terminal Literário, implementado pela Prefeitura de Fortaleza nos terminais, e em escolas de Fortaleza. Uma delas é a Escola Creche Casa da Tia Léa, que fomenta o “Meus Livros Seus Livros” inspirada na iniciativa de Luiz Amorim. Ele, em Brasília, é criador do Açougue Cultural, uma experiência popular de biblioteca baseada na troca solidária.

​Projetos como os citados consistem na partilha gratuita de obras, e isso oportuniza o acesso à leitura para diversas pessoas, numa atitude de combate ao desperdício, incentivo à solidariedade e à vida em comunidade.

​Tal quadro sinaliza a ideia do “livro livre”! Isto é: da leitura que serve às pessoas, que potencializa liberdades, reflexões, amadurecimentos e prazeres. Por conseguinte: leitura-aprendizado, leitura-viagem. Mas ainda há outro significado: a troca de livros como troca de gentilezas! O que configura, nos tempos atuais, metáfora por demais importante.

Carlinhos Perdigao

Carlinhos Perdigão é arte-educador, músico, produtor cultural, professor de língua portuguesa da Faculdade Plus e da UNIQ – Faculdade de Quixeramobim. É autor do livro “Fragmentos: poemas e ensaios” e do disco “Palavra”. Tem formação em Letras e Administração, com pós-graduação em Gestão Escolar. E-mail: [email protected]. Site: carlinhosperdigao.com.br

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Carlinhos Perdigao

Carlinhos Perdigão é arte-educador, músico, produtor cultural, professor de língua portuguesa da Faculdade Plus e da UNIQ – Faculdade de Quixeramobim. É autor do livro “Fragmentos: poemas e ensaios” e do disco “Palavra”. Tem formação em Letras e Administração, com pós-graduação em Gestão Escolar. E-mail: [email protected]. Site: carlinhosperdigao.com.br

1 comentário

  1. Sérgio Costa

    Reflexão sensacional, amigo Perdigas. Ler é bom, faz bem e faz falta nos dias de hoje como hábito engrandecedor. Muitos shoppings e praças na cidade também estão adotando essa prática da partilha dos livros.
    Que venham sempre mais iniciativas assim.
    Abração, mestre!!!!