O legado de Temer para Bolsonaro, por Haroldo Araújo

Não é justo fazer críticas ao governo que sai. Afinal foi Temer quem conduziu o país numa transição entre governos perdulários e populistas e a sua entrega ao atual recém-eleito, que se vê diante da necessidade de realizar governo com austeridade. O mérito de Temer foi controlar a inflação e os juros, colocando-os em patamares civilizados. Foi surpreendido por uma greve de caminhoneiros que mostrou nossas fragilidades e superou uma transição de poder dificílima.

O grande enfrentamento ocorreu em 2016, quando Temer se dispôs a promover cortes e limitar gastos públicos. Um enfrentamento que terá continuidade no comando de Paulo Guedes, em superministério. Jair Bolsonaro sabe que suas dificuldades serão políticas, por razões que todos sabemos: Sua disposição para fazer o enfrentamento da questão fiscal. Os desequilíbrios de nossas finanças precisam ser combatidos no sentido de criar ambiente propício aos negócios.

O exemplo dado por Temer foi no sentido de acabar com o populismo reinante. Governos têm por obrigação criar condições de previsibilidade na economia. É através de políticas fiscais adequadas que um governo consegue dar sustentabilidade ao crescimento econômico. Sabemos que gestões desequilibradas afastam os investimentos e, por via de consequência, a criação de oportunidades de trabalho.

A previsão do PIB para 2018 é positiva, muito embora o Banco Central tenha reduzido a estimativa de 1,6% para 1,4%. Estamos falando de um Brasil que enfrentou recessão após um impeachment e mal saído dela no ano passado com 1% positivos. Nossa recuperação tem sido lenta e assim mesmo podemos afirmar que tudo contribuiu para conter a inflação, com queda dos juros. Desde junho de 2018 que o BC mantém a Taxa Selic em 6,5% a.a. E isso não é pouco.

Um forte influenciador destes números do crescimento, foi o resultado da balança comercial com superávit de US$ 50,3 Bilhões (acumulado de 2018) até 11 de novembro segundo dados do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio). Cabendo destacar que é 16,5% inferior ao registrado e igual intervalo do ano passado. Uma comprovação da nossa capacidade de superar oscilações e volatilidades da conjuntura internacional é confirmada em dados do MDIC, IBGE e BC.

Autores de textos apontam nossas Instituições como ameaças ao futuro governo. Data vênia, apresento minha discordância para dizer que nossas Instituições trabalham para a preservação de objetivos para as quais foram criadas e isso vai de encontro ao quanto se propõe o novo governo. Entendo que aquelas do setor financeiro (públicas e privadas), assim como todas as demais que são voltadas para a segurança jurídica estarão cerrando fileiras com a nova gestão.

Não há como negar que Michel Temer não enseja ao seu sucessor a continuidade de aumentos de rombos orçamentários, concentrados na prevalência de pagamentos de pensões ou aposentadorias sobre a própria saúde, que também custa muito caro aos beneficiados desses ganhos ou benefícios. Provavelmente bem mais custosos do que os ganhos mensais. Todos querem sair dessa ilusão de salários que não cobrem os respectivos “Planos de Saúde”.

Michel sabedor disso bem que tentou aprovar mudanças nesse sentido, mas foi barrado pelos apelos políticos de deixar o plano para após as eleições. Esse é o legado para Bolsonaro: “Realizar as Reformas” enquanto é tempo de evitar um default ou uma situação de crescimento descontrolado de nossa dívida, pela via do pagamento dos nossos aposentados. O legado de temer para Bolsonaro pode ser resumido em indicativos em Orçamento para 2019.

PIB de 2,5 %, déficit orçamentário de R$ 140 Bi e Juros de 6,5 % a.a.. Mas o melhor caminho para a boa gestão está na realização das reformas que ele Temer não teve tempo de completar.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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