O homem é o lobo do homem

O HOMEM:

 

O filósofo inglês Thomas Hobbes viveu longos noventa e dois anos, de 1588 a 1679. Sua obra mais famosa é o Leviatã (usando a ideia do monstro mitológico ele se refere ao Estado). Ele não acreditava no Direito Divino dos reis e príncipes, mas apoiava a Monarquia.

CIRCUNSTÂNCIA:

Hobbes viveu depois do renascimento italiano e pouco antes do iluminismo francês. Hobbes tratou com profundidade a relação do indivíduo com o Estado. Ele tinha um pensamento individualista, definindo liberdade como o desimpedimento para a ação, mas dizia que no estado natural, sem os freios da lei e das regras sociais, poderíamos ter a “guerra de todos contra todos”. É dele a ideia de que o “homem é o lobo do homem”.

A IDEIA:

“…algumas criaturas vivas, como as abelhas e as formigas, vivem em sociedade (e por isso são incluídas por Aristóteles entre as criaturas políticas), mas não são regidas senão por seus juízos e apetites particulares, não dispondo da linguagem… por que o gênero humano não pode fazer o mesmo?…primeiro, os homens estão em contínua competição pela honra e pela dignidade, o que não ocorre entre essas criaturas; consequentemente, surgem entre os homens inveja e ódio e, por fim, a guerra; entre essas criaturas não é assim…segundo, entre essas criaturas o bem comum não se distingue do bem individual, mas, sendo por natureza inclinadas a buscar o seu bem individual, acabam por alcançar o bem comum. Mas, para o homem, a felicidade consiste em comparar-se com os outros homens……Em terceiro lugar, não possuindo essas criaturas (ao contrário dos homens) o uso da razão, não vêm nem pensam ver qualquer culpa na administração dos seus negócios comuns, ao passo que entre os homens existem muitos que se julgam mais sábios e capazes que os outros para governar a coisa pública; e se esforçam para reformar e inovar de formas diferentes, o que acaba por levar à divisão e à guerra civil. ..Em quarto lugar, essas criaturas irracionais, mesmo fazendo um certo uso da voz para comunicar entre si os seus desejos e as suas predileções, são desprovidas da arte da linguagem, mediante a qual alguns homens podem representar aos demais o que é bem sob aparência de mal, e o que é mal sob a aparência de bem, aumentando ou diminuindo a aparente dimensão do bem e do mal, provocando descontentamento entre o homens e abalando sua paz a seu bel-prazer…Em quinto lugar, as criaturas irracionais não são capazes de distinguir injúria e dano; portanto, desde que se sintam à vontade, não se sentem ofendidos pelas suas companheiras, ao passo que o homem é tanto mais turbulento quanto mais se sente à vontade; é justamente neste caso que gosta de exibir sua sabedoria e censurar as ações daqueles que governam o Estado.

…Finalmente, o acordo que se produz entre essas criaturas é natural, enquanto o acordo entre os homens é apenas pactual, ou seja, artificial; portanto, não surpreende que (além do pacto) exijam alguma coisa uns dos outros para tornar o acordo constante e duradouro — ou seja, um poder comum que os constranja e dirija as suas ações para um benefício comum. “

 


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