O Congresso em sinuca de bico, por Luis Eduardo Barros

Após o impedimento da ex-presidente, seus partidários estão vendo todos os acessos aos recursos públicos sendo cortados pelo novo governo. Esse é um prejuízo inesperado, principalmente porque nos últimos anos, dispondo de recursos abundantes, distanciaram-se da militância histórica, já que podiam contratar figurantes para suas manifestações. Com as avassaladoras denúncias de corrupção a motivação da militância está difícil de recuperar e o caixa, por mais abarrotado que esteja, é finito. Em vista disso, a única chance de sobrevivência é que o Governo Temer não dê certo. Para isso estão implementando um complexo e bem feito programa de manifestações públicas, visando a inviabilização das reformas prometidas pelo novo governo.

Ora, como o Governo Temer tem propostas objetivas e, gradativamente, as está apresentando à sociedade, a responsabilidade fica toda nas mãos do Congresso. Caso as aprove, enseja uma possibilidade concreta de recuperação da economia e diminuição do desemprego, para a felicidade geral da nação e do Governo Temer, em particular. Para os partidários do antigo regime, no entanto, isso poderá ser fatal, desmascarando suas palavras de ordem, hoje repetidas à exaustão. Terão perdido o acesso aos recursos públicos e à confiança da população.

Caso o Congresso não aprove as reformas propostas, o caos da economia permanecerá, com a inevitável ampliação da crise, acarretando mais desemprego, falências etc. Além disso, a tese do Fora Temer poderá sair vencedora, o que poderia exigir eleições gerais já que não teríamos mais presidente nem vice. Nesse caso, as eleições inevitavelmente implicariam na renovação da Câmara e Senado, encolhendo os mandatos atuais do Congresso, com antecipação dos custos e a introdução de novas variáveis no processo.

Como agirá o Congresso diante desse quadro? Vai aprovar as reformas, por mais “impopulares” que possam parecer ou vão se arriscar a antecipar as eleições?

Observem que não estou apelando para posicionamentos ideológicos. Estou analisando apenas os interesses do próprio Congresso e a repetida incompetência do antigo regime, que coloca os congressistas em sinuca de bico.

Nesse contexto, parece mais lógico o Congresso aprovar as reformas e tentar um novo futuro como parceiros do sucesso do que inviabilizar a economia e consequentemente o Governo Temer e cair junto com ele! Quem viver. Verá!

Luís Eduardo Fontenelle Barros

Economista e consultor empresarial.

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