O CAVALEIRO DA ESPERANÇA

Subiu com determinação e atiçou os cavalos. A carruagem deslizou veloz, distribuindo tudo de bom para todos.

Não havia pântanos, nem redemoinhos. O vento soprava leve, numa só direção, trazendo alegria e as águas corriam, abundantemente, para o mar. Gaivotas e peixes bailavam, executando lindas coreografias e falando uma linguagem indelével.

Havia inverno com colheitas fartas. Panelas e pratos eram cheios. Talheres caminhavam em direção às bocas que não paravam de mastigar. Estômagos vazios desertavam. O céu era azul e o sol brilhava. As estrelas piscavam, embelezando as vidas. A união era a arma que todos carregavam no coração.

Borboletas, rosas e florestas criavam e adornavam horizontes. Pássaros voavam e não paravam de cantar. Grilos e vagalumes nos acalentavam e nos faziam dormir sonos profundos e repousantes.

Do alto, corujas com olhares tristes, prediziam maus tempos. Turbulências viriam quebrar a doce harmonia e impor desesperos às maiorias e às minorias. 


E os invejosos piratas construíram muros e colocaram pedras nos caminhos. Houve emboscadas e acidentes; perseguições, mortes e encarceramentos. As injustiças viraram lei.

Tentaram apequenar alguém que com altivez profetizou: – tudo vai desmoronar e não restará pedra sobre pedra; vocês verão e se arrependerão.

Colocaram uma pessoa tosca e disfuncional para dirigir a carruagem, sem mapa e sem bússola. Ela parou, e começou a dar marcha à ré, atropelando quem estivesse por perto.

E a pirataria aflita foi obrigada a desfazer tudo: – des-andar os caminhos andados, tirar as pedras, derrubar os muros, desencarcerar e fazer a justiça voltar a ser lei. Vergonha alheia.

A pirataria, ameaçada e arrependida, teve que ajudar a desapear o bobo do comando e, por, no seu devido lugar, o Cavaleiro da Esperança com sua estrela vermelha e viva.

Envergonhados, os piratas tentam esconder-se, mas a história não é míope e mostra cada um deles, apontando com seu indicador benditamente impiedoso.

Oxalá que o Cavaleiro da Esperança, chutasse no traseiro de cada um desses algozes e assumisse o lugar que lhe é devido, só com a ajuda do povo. Já dá pra entender que todo pirata é bandido e canalha. Não dá pra confiar.

Gilmar Oliveira

Gilmar Oliveira, Professor Universitário.

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Gilmar Oliveira

Gilmar Oliveira, Professor Universitário.