O Brasil pode ter acabado de virar alvo – PARTE 3 – por Osvaldo Euclides

Em 07 de junho deste ano, foi feita aqui neste Segunda Opinião uma advertência, depois de listar fatos e declarações do ministro da Economia Paulo Guedes: “…Neste momento, circulam no mercado de câmbio à vista e a prazo, mundo afora, todos os dias, alguns trilhões de dólares, buscando, digamos, oportunidades especulativas. Imaginem que um especulador do porte de um George Soros (que ficou famoso por apostar contra o Banco da Inglaterra — e vencer — ou Warren Buffet, ou outro qualquer) ouve essa conversa e resolve apostar contra o Brasil…O Brasil pode ter acabado de virar alvo…”

Naquele dia de junho a cotação da moeda americana para as transações normais era de R$3,85. Cinco meses depois, em novembro, estamos colados em R$4,20.

Para qualquer profissional operador de mercado, nenhuma surpresa. Aliás, os quatro reais e vinte centavos soam muito mais como uma confirmação. Os especuladores também têm a mesma perspectiva. É que o ministro da Economia Paulo Guedes naqueles dias avisou para quem tem ouvidos de ouvir e juízo para entender: “…estamos prontos para uma cotação de 4,20…”. Pois é, o ministro disse isso, a imprensa noticiou à farta.

Para quem acreditou no ministro e apostou contra o Real nos mercados comprando moeda à vista, o ganho foi da ordem de nove por cento em apenas cinco meses e dez dias. Para mercados de câmbio normais isso é uma oscilação (procure-se uma palavra leve) desproporcional. Imagine que o Banco Central do Brasil pode estar na outra ponta atuando como espelho das instituições financeiras que apostaram na (digamos) previsão do Ministro.

Para quem não sabe, a atuação do Banco Central no mercado de câmbio é imensa. Ela se faz através de uma dúzia de bancos privados selecionados no mercado, os chamados ‘dealers’. Estes ‘dealers’ compram e vendem, à vista e a prazo, em nome do Banco Central, claro. Em confiança e em busca do melhor desempenho. Não há nenhuma instituição encarregada de fiscalizar ou fazer auditorias nessas operações diárias e bilionárias. Pode-se confiar no sistema? Sim.

E ter fé.

(Confira o texto que abriu esta série: https://segundaopiniao.jor.br/o-brasil-pode-ter-acabado-de-virar-alvo-por-osvaldo-euclides/ )

 

Osvaldo Euclides de Araújo

Osvaldo Euclides de Araújo tem graduação em Economia e mestrado em Administração, foi gestor de empresas e professor universitário. É escritor e coordenador geral do Segunda Opinião.

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Osvaldo Euclides de Araújo

Osvaldo Euclides de Araújo tem graduação em Economia e mestrado em Administração, foi gestor de empresas e professor universitário. É escritor e coordenador geral do Segunda Opinião.