“De todo o mal te julgo capaz; por isso quero de ti o bem.”
[Friedrich Nietzsche, em Assim falou Zaratustra (Um livro para todos e para ninguém)].
Rarissimamente ajo
como age
quem sofre de carências de boa índole.
Nódulos quase imperceptíveis
em tecido são,
que em mim mais remorsos causam
– disto estou certo –
que sutis aceleramentos de diástoles e sístoles,
sem riscos de agravamentos,
ou perdas irreparáveis
ou arroubos indesejáveis
ou reações inconfessáveis,
dissentimentos ou dissabores,
prosternações ou torpores
em eventuais desafetos
ou vulgares insurrectos.
Não nasci para ser santo…
Jamais pretendi chegar a tanto.
Atormenta-me o dizerem que sou bom,
pois os bons morrem tão cedo!
Embora da Morte já nem sinta medo
(Até porque, se o tempo passa,
monótono, inexorável e em desfavor,
mais se aproxima o dia do confronto;
então, cumpre-me sempre estar pronto
e cônscio de que serei o perdedor…
Acolhei-me em teu seio, ó Senhor!),
deste cálice de teor tão amargo
a Vida ainda me faz passar ao largo…
Por enquanto.
Arreveso os profanadores de templos,
os iconoclastas, os atores de bravatas,
os racistas, os extremistas, os arrivistas,
os arrogantes, os intolerantes,
os desprovidos de pundonores
e todos os que se aprazem em oferecer maus exemplos:
os difamadores
– sempre ominosos –,
os corruptores
– sempre capciosos –
e os maus gestores
– mais que gananciosos –,
os esbanjadores
– tão generosos –,
os enganadores
– sempre presunçosos –,
os manipuladores
– sempre tão tinhosos –,
os bajuladores
– sempre manhosos –,
os estupradores
– sempre dolosos! –
e outros que tais!
E que Deus não os perdoe jamais,
pois eles sabem o que fazem!
Ora seja!