O Banco Central é um craque no que é irrelevante e frágil no que é decisivo

O Brasil tem um problema velho e grave: falta um sistema bancário que tenha vocação e interesse de financiar o desenvolvimento do país.

Para não fazer um longo discurso, vamos direto a fatos que todos podem entender.

1. PIX – O Banco Central se orgulha de ter criado e lançado um sistema de pagamento automático. De fato, o PIX fez e faz sucesso, mas o avanço maior foi a gratuidade, pois antes já existia com o nome de TED. O fato realmente novo é que agora é gratuito. Pelo menos, por enquanto.
2. DREX – Este é o nome de batismo da “moeda digital” a ser lançada. Na Globo News, o jornalista Otávio Guedes explicou: é o velho cheque administrativo. Outro nome, outra roupa, outros usos.
3. COMUNICAÇÃO- O Banco Central tem uma área de comunicação ativa. Se você se cadastra para receber as “informações”, vai receber mais de 200 mensagens por ano. Uma máquina!!

O Banco Central do Brasil é competente e profundo em tudo que é irrelevante. E é frágil e raso em tudo que é decisivo. Exemplos:

A – O custo da dívida interna brasileira poderia e deveria ser muito, muito menor. Seja em termos absolutos, seja em termos relativos. Seja em comparação com países ricos, seja em comparação com países em desenvolvimento. O Banco Central até diz que este problema não é dele, mas é, de fato. Os economistas até podem engolir este sapo gigantesco, e considerar tudo normal, mas um delegado de polícia…sei não.

B – A regulação do sistema bancário brasileiro não sugere competição, não estimula concorrência. Produtos, serviços e custos são quase padronizados (alguém poderia dizer combinados, mas não dirá). O cliente, pessoa física ou jurídica, nunca leva a melhor. No linguajar popular, o banco sempre fica com a parte do leão.

C – Os bancos não são estimulador a emprestar. Porque podem lucrar emprestando pouco. E só a quem pode provar que não precisa e pode pagar com folga. Sem crédito farto e em boas condições de prazo, garantia e custos, os negócios travam, a economia vive com freio de mão puxado.

D – Os lucros são altos e isso não seria um problema se os bancos cumprissem sua missão econômica e sua função para o desenvolvimento.

O Banco Central, e somente o Banco Central pode mudar essa dura realidade.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.