Tenho um querido amigo dono de uma agência de propaganda que, em defesa lógica de seus interesses, sempre afirma de forma convincente: “Propaganda quando não resolve o problema, é porque foi pouca”.
Essa ideia objetiva me ocorre quando penso sobre o choque liberal que a Argentina tem experimentado nos últimos tempos, pelas mãos de seu presidente Mauricio Macri. O paralelo com a propaganda é o seguinte: se o choque liberal não resolveu é porque foi pouco. Tem que aprofundar o choque.
Os danos do caminho são inevitáveis. Em toda guerra sempre há perdas e efeitos colaterais. Ninguém de sã consciência esperava que a Argentina saísse da crise como mágica. Tem que doer, tem que sofrer, para purgar os erros do passado.
Macri está fazendo tudo certo. Deu um choque de preços em produtos de alto consumo, como energia, gás de cozinha, água, onde havia represamento artificial de governos populistas, prejudicando as empresas estatais e criando tumores fiscais. Fez um acordo com os mal chamados ‘fundos abutres’ do mercado financeiro internacional, e assim destravou o acesso do país aos mercados de dívida e de investimentos externos (calma, os resultados virão com o passar do tempo). A nação argentina fez um acordo com o Fundo Monetário Internacional e pode pagar as dívidas atrasadas. É uma pena que a inflação continua na faixa de cinquenta por cento ao ano e a pobreza encosta em quase um terço da população.
Calma, isso leva tempo para resolver. O que não se admite é que haja recuos.
Enfrenta teus demônios, Argentina. Ninguém vai chorar e sofrer tuas dores por ti.
Nas palavras da moda, tem que dobrar a aposta no choque liberal. Sejam o exemplo a seguir por seus vizinhos. Este é o único caminho.