“Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.”
No dia 13 de setembro, celebramos um marco na história literária de Portugal: o centenário de Natália Correia, uma figura singular que transcendeu as barreiras do tempo e do espaço com sua poesia vigorosa e sua personalidade marcante. Ao explorarmos a vida e obra de Natália, somos convidados a nos envolver na essência de uma mulher que, por vezes, foi fêmea e, por vezes, monja, conforme as nuances da noite e do dia moldavam sua alma.
Nascida nas singulares paisagens dos Açores em 1923, Natália Correia foi uma escritora multifacetada, cujas palavras se transformaram em asas, prontas para alçar voos audaciosos e, ao mesmo tempo, em calhas cintilantes que guiavam o comboio de sua alma pelas linhas da expressão artística. Seus olhos eram exploradores, emigrantes navegando em um navio de pálpebras, dispostos a desbravar o desconhecido e a desafiar convenções.
Mas Natália era muito mais do que uma poetisa. Era uma filha das palavras, um molusco da literatura que absorvia o mundo com uma esponja embebida em magia. Como uma aranha de ouro, tecia teias melindrosas com as palavras, capturando a essência da vida, da paixão, da luta e da esperança.
Uma coisa é certa, não podemos esquecer que, como qualquer grande artista, Natália Correia também tinha sua vulnerabilidade. Seu coração era como uma peça de louça, ocasionalmente quebrada nos jogos da vida, lembrando-nos de nossa humanidade compartilhada.
13 de setembro, centenário dessa grande mulher das letras, celebramos sua coragem, sua ousadia e sua habilidade de mergulhar nas profundezas da alma humana. Natália Correia não era apenas uma poetisa; era uma voz da resistência, uma defensora dos direitos humanos, e uma figura que desafiou o status quo com suas palavras e ações.
Através de sua poesia, ela abordou questões sociais e culturais, empunhando sua caneta como uma espada contra a opressão e a injustiça. Sua escrita ecoa como um farol de criatividade e coragem, lembrando-nos que a literatura não é apenas uma expressão artística, mas uma ferramenta poderosa para a mudança social.
Independentemente das dualidades, não importa se somos por vezes fêmea ou monja, conforme a noite ou o dia, celebrar o centenário de Natália é também celebrar a imaginação e coragem; a autenticidade e a ousadia; a paixão em sua expressão artística e, mais do que tudo, a criatividade e a liberdade de expressão.