Fetiche nos ad te: acreditamos
Porque sonhávamos sim
Que éramos desejados
E até mesmo a glória
De que éramos objetos
Cada coisa exemplo apenas de si mesma
Inda que da linha de montagem saída
Alheia às muitas mãos de gente que a fizeram
Ou das muitas engrenagens maternais
Quase amorosas que a moldaram. O mar
Nunca mais origem: depósito de que
Já não sai nada. É preciso o que não é possível:
Sonhemos em ser máquinas
Ou simples objetos de uma só peça imóvel
(O auge da espiritualidade da pedra
Reproduzido em brinquedos de plástico
Pessoas de plástico e animais da fazenda
E da floresta e dinossauros de todos os tamanhos)
É certo que são máquinas rústicas de papel
Os livros; é certo que a máquina – Máquina – a
Mais moderna já tem só movimentos por dentro
Feito alma à diferença de que é evidente e rastreável
Em protocolos e números de série: ela sabe
De onde veio e para onde vai
E – ainda – nunca se angustia:
É o charme fatal que lhe falta
Pois a ti só te falta que te arranquem o número de série
Como se em ânsia amorosa te despissem
Esperada e querida mercadoria
Coisa que se compra
E então te poderemos tirar do céu
E enfim te poderemos chamar puta
Porque seremos iguais
E cruzaremos feito cães de rua