Durante o carnaval
A pedra nua se me revelou espelho
E vi refletido o rosto de uma estátua humilhada
O meu rosto como o rosto de ninguém
Mero estudo sobre específica dor humana
Algo patético e clínico
O solitário e abandonado da vida
O reclamante
Uma postura curvada e sem ousadia
Uma cabeça que se projeta
Como a cabeça de uma tartaruga só de rugas
E mesmo a tartaruga tinha mais dignidade
A pedra nua, ai de mim,
Era um espelho bem difícil de quebrar
E me restava a contemplação que se queria eterna
E pensei mesmo, ai de mim,
Para tão longo amor, Deus, tão curta vida!