Maílson Furtado, brincante dos dias, transeunte desta vida



é novembro / e folhas enfeitam o chão / depois de seu ballet

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                outras brotam…

 

é novembro e o Perfilhq traz Maílson Furtado, um sertanejo. Filho de seu Rodrigues, e pai do ‘nando. Brincante dos dias e transeunte desta vida.

 



“Vez ou outra escrevo umas coisinhas (hehehehe).” (Maílson Furtado)


 

Quando decidiu que queria ser escritor e quando descobriu que já era?

Descobri sobre literatura na adolescência e logo encontrei os primeiros olhos pro mundo. Soube, a partir disso, que essa era a forma de colaborar com estes dias, a partir do lugar em que moro e das/pras pessoas com quem convivo. A descoberta sobre ser escritor é uma tarefa diária, e assim permaneço. Ora a poesia está comigo, ora não.

Foi difícil publicar o primeiro livro?

Muito. Por tantas questões e dúvidas que pairam para a primeira publicação, principalmente pra mim que moro numa pequena cidade, que não há um círculo de autores, eventos, espaços para debate de livros. Daí foi muito difícil o encontro de tantas respostas, com poucas pessoas para indagar.


É possível aprender escrever? Faz sentido as aulas de “creative writing?”

Creio que sim. Tenho certa dificuldade de falar sobre, pois meu processo de encontro com a escrita não passou por esse meio, mas acredito que a literatura, como outras artes, passa muito pela técnica e pela disciplina também. Assim, acho válidas as oficinas, cursos e tudo que possa contribuir com o debate e a produção literária, no entanto há a necessidade de análise sempre para que tal produção não se torne algo puramente mecânico e de apelo comercial, e não um produto artístico.

Quando a arte é livre trata-se da verdadeira liberdade ou somente de uma liberdade sem consequências para o poder, ou seja, uma pseudoliberdade?

A arte é livre pra tudo —  caso presa a mesquinharias, não a acredito. No entanto, ela nem sempre atua como produto, mas também como meio desse libertar. Defendamos assim, o direito à arte e ao seu fazer.


O artista deve se libertar do passado e reinventar o mundo ou relacionar-se com o passado?

O passado sempre é um alicerce. Nunca partimos do nada. Assim, acredito nas “invenções” a partir desse enovelar: passado e “reinvenção”.


  • Em que outra época gostaria de ter vivido?

Já fui bem mais saudosista que hoje. Mas, pra citar, gosto muito da década de 1970 do Rio de Janeiro, e da de 1960 em Nova York.

  • A palavra que você mais e a que menos gosta? Por quê?

Sabe que nunca pensei sobre isso. Simplesmente as uso (ou elas me usam).

  • Politicamente, eu sou

De esquerda.

  • Quem você ressuscitaria?

Prefiro deixar a galera descansar em paz.

  • O livro que já li várias vezes:

Sou de poucas releituras. Cito Parabélum, de Gilmar de Carvalho, e a poesia de Leminski e a de Patativa.



  • Eu me acalmo com …

Uma cerveja no bar.

  • Eu me irrito com …

Conservadorismo hipócrita.


  • A emoção que me domina …

Talvez a aventura, talvez a dúvida.


  • Um dia ainda vou …

Fazer o que ainda não sei.

  • Existem heróis? Qual o seu?

Existem, mas estão muito ocupados na vida real. Homens e mulheres a não saberem da próxima refeição.

  • Religião para mim é

Encontro.



  • Dinheiro …

Possibilitou que eu comprasse mais livros.

  • A vida é …

Isso.

  • Se você tivesse o poder absoluto para mudar qualquer coisa o que mudaria?

O ostracismo que guarda aventuras por aí.

  • Não perco uma oportunidade de …

de um hoje bem vivido.


  • A solidão e o silêncio …

Colecionadores de poesia.

  • O Ceará é…

Onde mora meu mundo.



  • O ser humano vai …

Continuar bulinando o mundo.

  • Minha mensagem é …

Sejam felizes.

 

Neste link tem uma análise feita por Alder Teixeira, também colunista do Segunda Opinião, sobre À Cidade, livro-poema com que o escritor cearense Maílson Furtado Viana arrebatou o Jabuti de Livro do Ano 2018.

 

Livros de Maílson Furtado

Sortimento, 2012 (poemas).
Conto a Conto, 2013 (contos e crônicas).
Versos pingados, 2014 (poemas).
À cidade, 2017 (poemas).
Passeio pelas ruas de mim (e de outros), 2018 (poemas).
Tantos Nós, 2020 (dramaturgia).
Ele, 2020 (poemas).

 

Heliana Querino

Heliana Querino Jornalista

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Heliana Querino Jornalista