Luciano Huck, que se diz de esquerda, que é apoiado por Armínio (que serviu a FHC, que chamou aposentado de vagabundo), que apoia Guedes, que chamou servidor de parasita

Estrelas do rádio e da televisão, mesmo aqueles de programas de violência policial ou de exploração religiosa, são cortejados por partidos. Secretários de polícia são bons de urna do Oiapoque ao Chui. Craques da manipulação na internet, com mentiras, com absurdos e com grosserias, também costumam ter boas votações. Mas isso se restringia a mandatos de vereador ou de deputado. Quando muito disputavam uma prefeitura de cidade média.

Não é nenhuma audácia especial. Desde os anos 1980 e 1990, comerciantes e industriais usaram seu dinheiro e suas estratégias de marketing para se alçar na vida pública, como senadores e governadores. Não temeram atrapalhar seus negócios, em muitos casos até seus negócios foram alavancados, fortalecidos, recuperados, enriquecidos.

Assim é que a política foi se tornando um retrato mais fiel dos interesses e não das ideias e propostas de interesse do povo. É a bancada da bala, a bancada da bíblia, a bancada do boi, sem falar das tradicionais bancadas do sistema financeiro e de outros grupos, que ocuparam o lugar dos tradicionais e legítimos representantes de servidores públicos e de trabalhadores da iniciativa privada (e estes ficaram completamente desamparados, mas dão seus votos ingenuamente a seus carrascos).

O fato novo e não é “fake news” é que isso agora se aplica à presidência. Depois da eleição de 2018, quando se elegeu um obscuro deputado fluminense, mais perto de ser típico parasita político do que um estadista, qualquer um poder ser presidente da República. Isso quer dizer que o presidente pode ser um qualquer. Em 2002 o PSDB jogou pesado contra a candidatura de Silvio Santos e tirou-o da disputa – o apresentador não quis enfrentar a divugação de um dossiê, talvez sem saber que uma pesquisa o dava como provável vencedor.

As últimas seis eleições presidenciais foram vencidas por dois partidos, o PT e o PSDB. Os tucanos venceram em 1994 e 1998, os petistas em 2002, 2006 e 2010, 2014. Em 2018, um canddato sem partido forte, sem proposta, sem discurso, sem projeto algum, sem dinheiro oficial, mas montado nas redes sociais e numa facada, venceu fácil para “salvar o Brasil”, seja lá o que significava isso.

Agora o apresentador Luciano Huck, campeão de audiência das tardes domingueiras da Rede Globo, quer ser presidente e manda um texto na Folha dizendo que é de esquerda. Sério? No dia seguinte o bilionário Armínio Fraga também se diz de esquerda e diz que o coração de Huck é bom. Fraga e Huck apoiam as ideias de reforma de Paulo Guedes, que se diz liberal. Sério?

Jana

Janete Nassi Freitas, nascida em 1966, fez curso superior de Comunicação, é expert em Administração, trabalhou como executiva de vendas e agora faz consultoria para pequenas e médias empresas, teve atuação em grêmios escolares quando jovem, é avessa a redes sociais embora use a internet, é sobrinha e neta de dois vereadores, mas jamais engajou-se ou sequer chegou a filiar-se a um partido, mas diz adorar um bom debate político. Declara-se uma pessoa “de centro”. Nunca exerceu qualquer função em jornalismo, não tem o diploma nem o registro profissional. Assina todos os textos e inserções na internet como “Jana”.

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Janete Nassi Freitas, nascida em 1966, fez curso superior de Comunicação, é expert em Administração, trabalhou como executiva de vendas e agora faz consultoria para pequenas e médias empresas, teve atuação em grêmios escolares quando jovem, é avessa a redes sociais embora use a internet, é sobrinha e neta de dois vereadores, mas jamais engajou-se ou sequer chegou a filiar-se a um partido, mas diz adorar um bom debate político. Declara-se uma pessoa “de centro”. Nunca exerceu qualquer função em jornalismo, não tem o diploma nem o registro profissional. Assina todos os textos e inserções na internet como “Jana”.