Livros, nunca os temos em excesso. A quantidade de livros não revela. apenas, o instinto incontrolável de acumulador.
Livros são impressões digitais — intelectuais. Uma coleção de livros revela as preferências de um leitor, um perfil de cultura.
Fui reunindo essa riqueza de papel, despreocupadamente, despertado por sugestões ou como resultado de descobertas pessoais.
Refiz a minha biblioteca, se assim posso chamar os meus livros reunidos, várias vezes. Recompus interesses e defini novos saberes ao sabor de escolhas temáticas, resultado da intercorrência de conhecimentos desses que se vão atropelando às margens de um leitura disciplinada e perseverante. De uma biblioteca “enciclopédica”, fiz uma cuidadosa redução para um acervo bem delineado — literatura, história, as ciências sociais, artes, memória e alguns textos filosóficos essenciais…
O livro, como construção material, revela uma arquitetura única. Dos volumes produzidos pelos copistas aos incunábulos, impõe-se o continente e o conteúdo desse repositório de descobertas acumuladas. Do corpo, feito de papel e folhas impressas, ressalta uma escultura única, afinal, “cada cópia é um exemplar”, diria Millôr Fernandes…
O miolo substantivo de cada construção contém-se nos limites de um lombada, das capas, da encadernação e nos ângulos abertos pelos olhos ávidos do leitor.
Simples assim.