Trechos de entrevista de Fernando Henrique Cardoso ao Le Monde:
“Votei em branco no segundo turno. Eu conheço Fernando Haddad e o respeito. Mas há um problema: Haddad sempre foi um homem de Lula, nunca foi ele mesmo. Não estou de acordo com esse partido, com o que propõem seus dirigentes, sua visão da economia e essa corrupção que, de certa maneira, eles deixaram acontecer”,… “Há riscos para a democracia, não os nego. Mas, até agora, os limites funcionaram, a liberdade ainda existe, os sindicatos estão lá, a imprensa segue livre”,.. “A sociedade despreza a vida política; essa falta de confiança se reforça devido à crise econômica, ao desemprego e à violência que aumentou em proporções inimagináveis, ao ponto de assistirmos – e isso é novo – à formação de cartéis no Brasil”… “Ela (a oposição) foi associada ao velho sistema político corrupto. Ela se fragmentou, se desmoralizou, se destruiu. Bolsonaro foi visto como um homem político diferente, quando, na verdade, ele faz parte do sistema”… ” ódio, que teve um papel importante na campanha …o medo do desconhecido, do futuro, o medo de Lula também”.
“O governo Bolsonaro é composto por um grupo que eu qualificaria de ‘liberal’, por um outro que eu diria ‘reacionário’ e por um terceiro totalmente fora da realidade. Quem vai tomar a frente? Eu não sei”…
“A História não para, e ela não para com Bolsonaro. É preciso acreditar neste país, em seu povo, crer na prosperidade e em uma renovação”…
“Perdemos as eleições. Uma introspecção é necessária, os partidos devem efetuar um inventário. Na política, há frequentemente maus momentos: estamos em um deles. A tempestade está aqui”…