Ele apodrecera
Dentro de si mesmo
Preenchendo o vazio
Com hordas de pedra, metal e carne
Cada golpe do cinzel
Cada apunhalada da vida
Cumpria o destino seco e inerte
Molde-abscesso, expiação sua
A natureza do mármore
A frieza do metal
A inconstância da carne
Avesso do vazio à língua muda
A arte de desenhar-se
A beleza de reinventar-se
A singeleza de traduzir-se
O talento em complicar-se
Cumpria, ele, o molde de ser
Desenhando a si com coices da vida
Seguindo instintos extintos retintos
A dança do vento lambendo seu corpo
Para ele, puseram pedestal
Para ele, ditaram fantasia
Para eles a verdade apostasia
Carne-podre pedra pobre, carcomia
E se a forma foge a fôrma da vontade
E se o aço pedra a carne da matéria
Desfaz-se ele à consciência deletéria
Estátua a roupa a despir-se vaidade
Resmungando a vida, com ternura
Transpirando, assim, na sepultura
Fez dos golpes e ardis, sua moldura
Na psique, alegoria escultura