Trecho de artigo de Roberto Tardelli em www.jornalggn.com.br:
“….Ninguém ou muito poucos se davam conta que as estruturas de inserção econômica-social-política-cultural não se renovavam, enquanto a população dobrava de tamanho e enquanto mais se aprofundava o fosso da desigualdade, enquanto aumentava o processo de favelização, enquanto caíam no abismo os projetos de educação e saúde públicas, enquanto mais e mais se concentravam as terras agriculturáveis, enquanto se agravava a agressão ao meio-ambiente, enquanto males civilizatórios como o racismo e a misoginia eram marginalizados do debate democrático, nunca houve, de fato, democracia.
O enfrentamento dessas questões implicariam sacrifícios à elite que se incomodava com a criação de direitos inéditos a uma população, que nunca teve direitos. A cortina de fumaça, nesses tempos de medos líquidos estava fácil e era óbvia: havia a necessidade de um maior recrudescimento penal, que atenderia às necessidades de controle social, em razão dessa malha inédita de direitos ao populacho; tudo, essa é a ironia, sob o aplauso desse populacho, que não se dava conta que os movimentos eram no sentido de legitimar um chicote mais grosso para suas costas…”
Roberto Tardelli é Advogado Sócio da Banca Tardelli, Giacon e Conway. Procurador de Justiça do MPSP Aposentado.