Depois da Dilma, o que será de mim? por Pedro Mourão

Ontem um aluno que estava agoniado me perguntou: Qual era a chance de Dilma receber o impeachment, e com a ascensão da dupla Temer e Cunha, qual seria o impacto disso na minha vida? Minha resposta foi a seguinte. Primeiro não fique nervoso com isso, pois todo mundo está assim também, do Seu Nenê da mercearia aos altos investidores da Bovespa. É normal ficarmos preocupados, estranho seria ficar tranquilo no meio do caos. As chances de Dilma receber o impeachment são enormes. Nos filmes o bandido sempre conta o plano dele para o mocinho e ai o mocinho vai lá e acaba com a tramoia. Na vida real não é assim … O bandido só conta o que vai fazer quando já está feito. Dilma vive essa situação. Devemos perceber que escapando ou não do impeachment Dilma não vai mais governar, por que antes do impeachment ela já não governava plenamente, e o motivo são os acordos que ela fez para conseguir apoio político e financeiro para se eleger (é a famosa coalizão). Ela já ganhou a eleição devendo mundos e fundos para os aliados, e nessa conta entram  ministérios, secretarias, diretorias, aprovação de leis favoráveis à quem apoiou ela e contra o povo que a elegeu. O impeachment é só a oficialização do fato. Hoje ela não sabe se tem a maioria dos deputados do lado dela, nem na Câmara, nem no Senado. Eduardo Cunha tem uma bancada só de deputados que o seguem, em troca de benefícios, claro. Os demais deputados estão sentindo a pressão das manifestações de apoio ao impeachment e pouca resposta contra. Eu afirmo categoricamente que Dilma já caiu, por que se antes ela não tinha o comando pleno, agora é que não terá mais, escapando ou não. Temer em seguida pode cair também por que as pedaladas fiscais que Dilma fez ele também fez, assim como Lula, FHC, e até o ex-governador Cid Gomes também fez. Porém o futuro de Temer depende da relação entre ele e Cunha e a Câmara Federal.

Se Temer acalmar a elite econômica que financia os deputados federais e financiam o movimento pró-impeachment, ai ele escaparia de um impeachment. Alguns analistas falam em números de deputados que estão contra e a favor de Dilma, mas eles se esquecem do essencial, que a política é um negócio e no exato momento em que você lê esse texto existem algumas salas lá no palácio do planalto cheias de assessores elaborando acordos para salvar o governo. Eles estão ponderando sobre o que podem ceder para os deputados e evitar o pior.

O impacto inicial da queda de Dilma seria positivo, só nos primeiros 3 meses no máximo. Nesse período a taxa de desemprego ia cair, assim como a inflação e os demais problemas do governo federal iriam sumir com ajuda da mesma elite econômica que hoje apoia o impeachment. Porém o preço desse “milagre” quem vai pagar é o povo, com a perda de garantias políticas e o sucateamento das políticas sociais.  Sabe o FIES?  Provavelmente vai embora, na mesma fila seguem Minha casa minha vida, Luz para todos, e boa parte das garantias trabalhistas, por que na visão dos poderosos isso atrapalha nos lucros.

Pedro Mourão

Profº. Ms. Pedro Jorge Chaves Mourão Cientista Social - UECE Mestre em Sociologia - UFCE Sociólogo MTE nº 327/CE Jornalista MTE nº 2822/CE Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/1705979956586966

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