Hoje, eu quero falar de uma parte muito importante no processo de criação, a educação de um filho. A ideia de gerar, influenciar e propiciar o crescimento de uma criança sempre me foi cara. Realmente considero a maternidade e a paternidade uma das maiores missões que um indivíduo pode receber na vida.
Por ver a maternidade como uma tarefa grandiosa, sempre adiei a tal missão. O motivo era muito simples, era necessário um currículo monumental para que eu estivesse pronta para cuidar de um outro ser. Assim sendo, o único lugar onde eu realmente me via preparada para vivenciar esse desafio era em um futuro bem distante. Eis que silenciosamente me chega de surpresa aquele que me faria mãe.
Acredito que somente depois de muito refletir sobre quais conhecimentos, valores, gostos e princípios eu gostaria de ensinar para meu filho foi que eu consegui enxergar e dar o devido valor para os processos educativos. Nós os vivenciamos tão cegamente que não notamos a simplicidade dos atos e não percebemos que até mesmo o silêncio é capaz de educar.
Minha questão deixou de ser somente o que ensinamos, e passei a me concentrar também na forma como ensinamos. Nesse interim me chamou especial atenção a ideia da Criação com apego e da Disciplina positiva, juntamente com a noção de Inteligência emocional e de Comunicação Não Violenta (CNV). Associados, esses termos concentram a vontade de imergir de cabeça na compreensão do desenvolvimento dos indivíduos e de investir na qualidade das relações. Qual o melhor momento para desenvolver habilidades emocionais, sociais e intelectuais? Na infância, é claro!
A criança com seu olhar atento e cuidadoso absorve tudo e um pouco mais. Ela tem sede por informações e experiências. A infância é um longo trabalho científico onde o objetivo não é expor uma dissertação ou tese ao seu término, mas se constituir enquanto humano, enquanto sujeito que age sobre o mundo. E nós os adultos, os ditos detentores do conhecimento, devemos ser a porta de entrada, a ferramenta que propicia esse desenvolvimento.
Mas talvez nós não tenhamos realizado nossa tarefa com empenho. Muitas vezes, ou na maioria do tempo, nós somente nos mantemos em nossas torres de cristal onde tudo é frágil e nada pode ser questionado. Onde somente adultos possuem livre acesso. E nos recusamos a dar a autonomia que a criança precisa para descobrir o mundo.
Seguimos nos enganando, achando que coisa de criança é tudo aquilo que não condiz com a verdade e com a realidade, defendendo que a verdade é dura demais para ser ensinada. Não percebemos que a infância deve ir muito além de telas, brinquedos hiper estimulantes e mentiras. Ela deve ser protagonizada. Para isso devemos mais que somente entreter nossas crianças.
A outra parte de mim que tem olhos e ouvidos atentos é aquela que busca curiosamente conhecer esses pequenos de mentes grandiosas. Nós como adultos sabemos tanto do clima, da tecnologia, da geopolítica, da moda, do mercado de ações etc. mas sabemos pouco desses seres que possuem linguagem própria e estão olhando para o mundo pela primeira vez.