Paradoxalmente, as ideias nazistas incorporavam elementos da doutrina política do marxismo-leninismo de partido único e soberania e importância do trabalho produtor de valor e do trabalhismo ariano, ainda que se afirmasse defensor ferrenho do capitalismo, aspecto que em muito agradava a aos capitalistas alemães ameaçados pelo comunismo.
A República de Weimar (1919 a 1933) e sua constituição previam eleições diretas para o Presidente que enfeixava grandes poderes. Entretanto, no primeiro momento foi a Assembleia Nacional quem elegeu Friedrich Ebert na Presidência e que após a sua morte, foram convocadas eleições para 1925 na qual concorreram 07 candidatos no primeiro turno.
O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores da Alemanha – NSDAP – concorreu com o militar graduado Erich Ludendorff que obteve apenas 1,1% dos votos.
Como nenhum dos candidato obteve 50% dos votos foram realizadas eleições de um segundo turno que terminaram em abril de 1925, com a eleição de Paul Von Hinderburg, de uma coalizão de direita, com 48,3% dos votos, ficando em segundo lugar Wilhelm Marx, do centro católico e em terceiro lugar Ernest Thälmann do Partido Comunista da Alemanha – KDP –com 6,4%.
Mas a insatisfação do povo alemão com o novo regime continuava a ser o fermento de revoltas e adesão a regimes e doutrinas políticas que apontassem saídas. Embora pouco expressivo eleitoralmente, a cantilena do Partido Nazista de resgate da superioridade alemão aliada à crítica ao governo e organização de milícias agressivas que provocavam tumultos, ganhava adeptos num país que ainda se recuperava.
Mas veio a grande depressão de 1929/1930 que voltou a penalizar a Alemanha ainda combalida, e as análises nazistas de que os partidos próximos ao poder não seriam capazes de promover o almejado resgate da superioridade alemã passaram a ganhar força e apoio do povo alemão.
Nas eleições de 1932, Paul von Hinderburg, embora doente, concorreu à reeleição como único capaz de ganhar as eleições e afastar o partido nazista e seus métodos violentos. O Partido Nazista, que ganhara notoriedade e prestígio com as previsões de depressão econômica que haviam se confirmado com a crise de 1929/1930, ganhara força. Assim apresentou seu candidato – Adolf Hitler.
O resultado confirmou o prestígio de Paul von Hindenburg, da coalizão de direita, com 53,05% em segunda turno; Adolf Hitler do Partido Nazista com 36,77% dos votos; e Ernest Thälmann, do Partido Comunista, com 10,15% dos votos.
Em 1933 vieram as eleições parlamentares de 05 de março de 1933 para a composição das 647 cadeiras que ocorreram sob violenta pressão dos hilfspolizei (polícia auxiliar) 06 dias após o incêndio do Reichstag. Nelas se confirmou o prestígio do Partido Nazista que obteve 43,91% dos votos e 288 cadeiras, restando 18,25% dos votos para o Partido Socialdemocrata – SPD – e 120 cadeiras e 12,32% para o partido Comunista – KPD – com 81 cadeiras. O partido de Centro católico obteve 11,15%.
Com a recuperação da economia e apoio dos capitalistas alemães que queriam também minar o poderio econômico judeu, combatido pelos nazistas, o poder político e influência do nazismo passou a ser poderoso e sua máquina de propaganda funcionava com os novos recursos midiáticos, inclusive pelas ondas do mais novo meio de comunicação – o rádio.
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Paul Joseph Goebbels (Rheydt 29.10.1897 – Berlim 01 de maio de 1945) Político nazista desde 1924, quando se empolgou com as ideias e oratória de Adolf Hitler, foi um associado devoto do nazismo e formulador da doutrina antissemita e responsável pela “solução final” que provocou o holocausto, e anticomunista. Dono de oratória inflamante, teve ascensão dentro do partido nazista tornando-se Ministro da Propaganda de 1933 a 1945. Doutor em filosofia pela Universidade de Heidelberg em 1921, esse militante assíduo tornou-se Gauleiter (líder distrital da Baviera) ainda em 1926. Compreendeu a importância do rádio e do cinema como forma de propaganda de massa e obteve sucesso no seu intento, levando o povo alemão ao fanatismo hitlerista e obter o apoio à guerra total na qual todos os alemães civis deveriam participar do esforço de guerra nos últimos anos nos quais já se via a iminente derrocada do nazismo. Obteve plenos poderes de Hitler a quem acompanhou nos minutos finais de sua vida. Suicídou-se logo após o suicídio de Hitler e Eva Braun juntamente com sua mulher Magna Goebbels e seus seis filhos menores no mesmo bunker e tiveram os seus corpos cremados.
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Hindenburg não gostava de Hitler a quem apelidara de cabo-boêmio. Mas em política o jogo de pesos e contrapesos de interesses políticos, principalmente os econômicos, é quem dita os comportamentos. A Alemanha se recuperava economicamente junto com a influência nazista, e os grandes capitalistas alemães apoiaram Hitler.
Por livre e espontânea pressão, Hindenbrug, que houvera dissolvido o Rechstag por duas vezes em 1932, fragilizado politicamente e doente, nomeou Hitler como Chanceler em 1933, a quem concedeu poderes de controle do parlamento alemão pelo Decreto de Fogo do Reischstag (o incêndio do prédio atribuído ardilosamente aos comunistas).
Com a morte de Hindenburg em 1934 Hitler deu o autogolpe. Absorveu o comando dos poderes Executivo e Legislativo tornando-se o “Führer um Reichskanzier”: uma espécie de guia supremo do que viria a ser o 3º Reich projetado para durar 1.000 anos, e que findou em 1946 sob os escombros de Berlim sob o domínio do Exército Vermelho.
Desde já a exclusão social internacional, fundada na pretensão de um socialismo só para o povo alemão, bem demonstra o equívoco doutrinário de um pensamento que combatia as teses comunistas de Karl Marx (um pensador judeu) e que, como todo trabalhismo, quer a permanência do trabalho produtor de valor, ou seja, do alimento primeiro e primário do capitalismo, a primeira categoria do universo da forma-valor: o trabalho abstrato, sem o qual não há capitalismo.
O trabalhismo do nacional-socialismo alemão tinha um quê de apelo ao resgate do pleno emprego em uma nação devastada pela inflação e pelo desemprego. A penúria do povo alemão era o combustível para o surgimento de pretenso salvador da pátria que fosse capaz de ser o Führer (guia condutor) da glória alemã que pululava nas mentes dos formuladores de teses políticas e no subconsciente da massas que havia sido contaminadas desde há muito sobre a potencialidade germânica.
Foi numa destas reuniões que Dietrich Eckart conheceu aquele jovem entusiasta e eloquente tribuno, que cada vez que falava inflamava os presentes ao júbilo de pretensões grandiosas de resgate do orgulho alemão. Tratava-se do jovem Adolf Hitler, austríaco, artista plástico amador sem notoriedade e que fora cabo do exército durante a primeira guerra mundial.