Como chegamos a esta recessão teimosa, por Haroldo Araújo

Enquanto não soubermos as causas da recessão, não teremos um remédio eficaz. Todos sabemos que os juros determinam os rumos do dinheiro. Os aplicadores buscam melhor retorno e segurança também. Quando Lula tomou posse em 2003 o dólar chegou ao patamar de R$ 4,00 e foi cedendo lentamente ao longo dos anos até alcançar a baixíssima cotação próxima de R$ 1,50 já no governo Dilma. Essa apreciação ocorreria até que a política monetária do Federal Reserve atingisse o limite previsto para assegurar a estabilidade do sistema bancário em crise.

A situação financeira do Sistema Bancário que mencionamos começou com a crise dos Sub-Primes e a derrocada do Lehmann Brothers em 15.09.2008 (Gov. Lula) fato que, por sua vez, e posteriormente à corrida às aplicações financeiras provocou uma corrida contra a Pirâmide de Madoff que não suportou os saques e sucumbiu {Um prejuízo de US$ 65 BI}. O mundo financeiro estava em crise de confiança e isso era o pior. Portanto estava a exigir uma atitude do governo americano que fosse capaz de gerar a necessária liquidez ao mercado financeiro mundial.

Nós estávamos no segundo mandato de Lula e já próximo das eleições de 2010 e nossa imagem era de um país que desconhecia e não queria tomar conhecimento da crise mundial. Um Cristo Redentor Carioca decolando como um foguete. A famosa marolinha de Lula era a senha! Poucos imaginariam ser possível o governo do Brasil agir de modo que ao atingir um câmbio capaz de prejudicar nossas exportações de commodities principalmente com dólar próximo de R$ 1,50, se regozijava de que o PIB a dólar nesse patamar nos manteria em elevado ranking de maiores PIB’S do mundo. Bota alienação nisso.

Evidente que um governo que assumiu em 2003 com dólar de R$ 4,00 e que assistiu uma queda não muito bem definida, mas constante dessa cotação até descer a valores próximos de R$ 1,55 no governo de sua sucessora e continuadora Dilma em 2011. Ela estava atônita com a queda das exportações de commodities [ CHINA] que não representava mais do que 10% do total exportado (um pouco mais ou um pouco menos). E por que mesmo essas taxas de câmbio caiam? Caiam essas taxas de câmbio com a política monetária americana de juros baixos e que tinha a intenção de dar liquidez e evitar a recessão nos EUA e resto do mundo. Juros e Câmbio compõem ou podem fazer parte de uma mesma fórmula matemática.

O que Dilma não soube mesmo foi dar um direcionamento eficaz para tanto dólar. Essa política monetária injetava dólares na economia com a recompra de títulos do tesouro americano e esses dólares faziam como faz a água que buscando seu leito corre onde for possível alcançar, assim os dólares corriam o mundo em busca de melhor remuneração pela via das melhores taxas de juros: “Países que precisavam fechar suas contas, Brasil no meio eram candidatos”. Foram exatamente esses dólares que fizeram com que a nossa taxa de câmbio se apreciasse, como? Não queríamos perder a chance de receber as aplicações e nossos juros eram atrativos e não tinha outra saída. Apreciar o REAL significava baixar nossa taxa de câmbio ou seja desvalorizar o dólar de forma a trazer pouca atratividade para as exportações brasileiras, inclusive de commodities.

Dilma chamou a enxurrada de dólares de TSUNAMI! Certamente, porque prejudicava a venda das commodities para a China por exemplo e nos obrigava (Nosso Banco Central) a comprar dólar excedente da rede bancária e até fizemos uma rotunda reserva cambial. A Balança Comercial caía e com a queda da taxa do dólar e a queda dos negócios vinha junto com a queda da arrecadação. O governo brasileiro não dava o braço a torcer e gastava para turbinar o PIB= Consumo + Investimentos + Soma algébrica das contas externas (resumidamente).

O Brasil consumia para aumentar a participação do consumo no cálculo do PIB (fórmula citada) e que os gestores juravam de pés juntos que eram um dos maiores PIB’ S do mundo. A inflação veio junto à esse cenário assustador, qual cenário? Inflação com recessão. Estávamos num dilema de manter os chamados avanços que no meu entender não eram avanços e nem conquistas, o encarecimento da produção nacional pela via do populismo em que o governo concedia benesses a tudo e a todos (empresas e empregados) .

Dilma intervia até nos preços de combustíveis comprimidos e depois descontraídos. Nossa economia não seria capaz de suportar essa quixotesca atitude. As empresas estavam enfrentando dificuldades pelo alto endividamento e as famílias junto com esse oba Oba despropositado e pouco responsável. As contas estavam sendo fechadas de forma pouco usual, a exemplo das suplementações orçamentária não autorizadas e nada de se buscar um enfrentamento da situação com o reconhecimento dos erros cometidos a exemplo das pedaladas.

Faltou humildade e sobrou soberba temos repetido isso à exaustão, para que nunca mais se cometa tanta atrocidade com nosso povo. A atrocidade de amargar 12.000.000 milhões de desempregados e a atrocidade de ter que combater uma inflação com juros altos que sabemos atinge a economia como um todo. Além de aumentar a queda dos negócios e aumentar a recessão os juros altos aumentam nossa dívida interna. Por essa razão citamos a importância da queda dos juros nos EUA que foi capaz de atingir a economia mundial como um todo. Brasil no meio, faltou modéstia de nossos gestores para reconhecer os erros cometidos.

Com tristeza tomo conhecimento de que um dos autores dessa obra prima do descalabro econômico anunciou que é candidato a candidato em 2018 Pode? Poder pode, o que acho é que não deveria ter essa petulância. Essa é a razão desse trabalho, qual seja pedir que o líder (sic) use sua carismática trajetória política para nos oferecer novos nomes e de modo que não tenhamos que precisar adotar políticas populistas que sobrepõem ao interesse maior da nação como foi o caso que nos fez tanto mal. A inflação agora está cedendo, mas a recessão continua teimosa.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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