CIDADE EM CHAMAS, por Renato Ângelo

Chama, chama, chama…

Chama chamas!

Quem clama a chama

Chama aquele a quem o país conclama em chama

 

Tu chamas?

Quem chama quem clama?

A fama, chama é…

Chama a grana, chama vaidosas chamas

 

A cidade em chama, clama

A justiça em chamas

O juiz quer fama… trama

E enquanto o tribunal trama

O subúrbio vive o drama

A grana chama a fama

A fama esquece o drama

O drama namora a chama

A chama devora a cidade

A cidade por justiça clama

A justiça trama com a grana

Enquanto o povo come a grama

A grama que nem a chama

Nem a lama…

Nem a fama…

Nem a trama…

Sabem onde é

 

A lama inflama a chama de quem à justiça clama

A chama do ódio invade o subúrbio

O subúrbio clama, por meio da chama

A chama cria fama

A chama chama mais chama

À chama que já no país se instala

 

A polícia trama e tem fama

Joga mais chama nas chamas e chama fama

Na bolsa dispara a fama da chama

O direito de cada um disparar sua própria privada chama

 

A elite reclama!

Quer ainda mais chama no subúrbio

 

Subúrbio que já em chama se derrama

A chama queima a lama e alimenta a grana

A grana de quem trama

De quem não ama

De quem morre pela fama

 

E no fundo de cada casa

De quem não está na lama

Reflete-se no olho a chama

Espelho da chama na lama

Da chama da fama da polícia que inflama

 

E entre a grana, a fama, a lama e a grama… há chama

A chama do drama da lama

Refletido nos fogos de artifício

Da cidade que clama e chama, no meio da chama,

O novo ano que vem

Renato Angelo

Mestre em políticas públicas, professor universitário, pesquisador, poeta e contista