Senhor Presidente,
Na minha primeira carta, eu avisei lealmente que tipo de poderosas pessoas o senhor teria de enfrentar se tivesse a coragem de mandar baixar o juro no Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil, a começar por seu ministro da Economia, que é banqueiro, a única coisa que ele é principalmente, essencialmente e definitivamente (Paulo Guedes não é e nunca será um servidor público).
Houve a reunião do Copom (imediatamente após minha carta) e o juro não caiu, nem piscou. O Senhor não se mexeu. E olhe que uma parte do tal “mercado” já aceitaria de bom grado uma redução de um por cento ao ano na taxa Selic – que é a taxa do rendimento dos títulos públicos, que é onde a turma do andar de cima bota o dinheiro (quem bota o dinheiro lá não precisa trabalhar, não precisa produzir, não precisa de mais nada…). E o senhor e seu ministro da Economia fingiram que nem viram a oportunidade e a necessidade.
Pois bem, senhor presidente, a situação vai se repetir dentro de duas semanas. Vai haver outra reunião do Copom e entre uma reunião e outra a inflação caiu para perto de 3,5 por cento ao ano. E o juro está em não-adjetiváveis 6,5% ao ano.
Isso é um rodo que não para de recolher dinheiro, dia após dia, night and day, overnight, o ano inteiro, a vida toda, a velha ciranda. O Tesouro paga. Paga o juro mais alto. Foi sempre assim. Nos tempos de FHC o juro real era de 13 por cento ao ano. Com Lula o juro real caiu para 6 por cento ao ano. Com Dilma caiu para 2,5 por cento ao ano.
Olha a escadinha, presidente. Como vai ser no seu governo?
Se depender do senhor, se depender do seu ministro da Economia, se depender dos economistas e jornalistas de mercado…como vai ser? Depende de quem? Quem é que manda, mesmo?
Essa reunião do Copom, no comecinho de agosto, será a segunda e maior oportunidade do ano em termos de medida efetiva e imediata de economia de dinheiro público. Se o seu governo derrubar a taxa de juro em 2 por cento – ou seja, derrubar a Selic de 6,5 para 4,5 por cento ao ano, a economia de dinheiro público é de estimados setenta bilhões de reais.
E aí, senhor presidente, vai encarar o Copom e o mercado?
Ou vai deixar o mercado satisfeito e derrubar só em mísero 1 por cento?
O Banco Central americano já avisou que vai derrubar a taxa. Os outros bancos centrais do mundo desenvolvidos não podem baixar mais a taxa – porque ela já está em zero por cento ao ano.
Não esqueça o que falei do Collor e da Dilma. Eles ousaram contrariar os banqueiros.
Saudações
Jana