O Brasil completou 130 anos da Proclamação da República em 15 de novembro e precisamos comemorar sim, inclusive a data, pela sua importância. Quando D. João VI retornou a Portugal, deixou D. Pedro e este foi sucedido por D. Pedro II. O regime monárquico sofria contestações e como não poderia deixar de ser, a saída para república não foi pela via de aprovação parlamentar, mas por uma iniciativa militar sob comando do Marechal Deodoro.
Com a vitória de abolicionistas na libertação dos escravos, a população atirava flores nos senadores. Direitos iguais e um sentimento de esperança nas ações de um novo regime político, seria o desejável quadro, capaz de renovar as esperanças de todo o povo brasileiro. O Brasil seguiria o caminho de grandes nações democráticas e com gestão focada na coletividade e embasada nas virtudes cívicas. Todos acreditavam que a república faria essa justiça social.
O professor José Murilo de Carvalho (1939), um dos mais importantes historiadores do Brasil, afirma que o significado de República ainda não foi materializado, tanto tempo que passou a saída da monarquia. Acredito que o pensamento do Dr. José Murilo está correto! E por qual razão? Porque ainda muito recente, tivemos a apuração de denúncias que comprovaram a falta de amadurecimento político e da exata compreensão do que significa uma república.
A nossa república é federativa e os estados federados têm autonomia de gestão. Não podemos afirmar que o Mensalão começou em Minas Gerais, mas podemos afirmar que o Petrolão, juntamente com o mensalão não teriam ocorrido e nem encontrariam respaldo ou berço em ações republicanas: coisa pública, transparência, eficiência e igualdade perante a lei. O professor classifica o mensalão, por exemplo, de: “Totalmente antirrepublicano”.
Os analistas cometem equívocos ao supor que todas as políticas sociais, por ser defensáveis, são defensáveis em termos republicanos. A melhor classificação do historiador é democracia social. O professor afirma que a inclusão por via de políticas sociais pode conter ingredientes populistas ou até paternalistas e até ser considerada discriminatória. Em entrevista recente o professor afirma não ser republicano o corporativismo sindical. Uma confusão conceitual a ser evitada.
Costuma-se falar em direitos iguais como sendo a melhor das ações republicana, assim como a punição deveria ser igual para todos e não como tem sido: a mais próxima do privilégio. O professor da UFRJ, condena uma cultura arraigada na diferenciação de tratamentos e, portanto, não republicana. Desde o império que carregamos uma visão paternalista e até nepotista. Não sabem como tratar o chamado patrimonialismo que grassa na política. Muda Brasil é a cobrança.
Alguns governantes não sabem governar sem distinguir os limites entre o que é público e o que é privado. Mais de um século e o valor republicano continua sendo cobrado, a exemplo do respeito à lei e a coisa pública. Ainda tem filho de Deus que culpa a democracia e até quem condene a liberdade de imprensa. A população acaba se voltando contra seus próprios representantes no poder legislativo, quando não se posicionam adequadamente às reformas.
Temos reafirmado nosso apoio à disposição do atual governante em encarar medidas impopulares, mas que têm nos garantido um oásis nesse pântano de administrações que sucumbem nas américas. No Brasil, o povo brasileiro já encampou as reformas como essenciais à sobrevivência da democracia brasileira, pela via das ações republicanas. Tudo que vem sendo implementado tem sido submetido ao Congresso e isso é republicano.
Essa é a razão pela qual afirmamos que o Brasil como República Federativa pode sim comemorar os avanços obtidos. As instituições estão funcionando, fato que garante a nova postura política.