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AS COXAS PRESSENTIDAS DE NENA

Eu ouvia, na minha infância distante, a minha ama entoar estes versos do “ABC do Amor”: “A letra “a” quer dizer amor perfeito…”

Acho que aprendi as primeiras letras do alfabeto com ela. Chamava-se Nena. Esguia, morena e simpática.

Contava-me estórias envolventes de príncipes e princesas, de cavaleiros audazes e das Cortes. Uma dessas gentis criaturas da nobreza, Nena a descrevia bonita, alva e loura — com lindas coxas. Não sei, até hoje, porque a minha Shererazade, aprovisionada de tanta aventuras guardadas de lembrança, destacava esses atributos íntimos, que me encantavam, confesso. Foram os meus primeiros alumbramentos… Guardo esta visão de uma discreta tentação feminina até hoje.

No balanço da minha rede, alongando a espera do sono anunciado, pedia:

“— Nena, a história da princesa…”.

Com o tempo, a narrativa foi-se ampliando e ganhou certos detalhes trabalhados com acuidade. Nena percebera o meu interesse e passou a tratar com esmero das “coxas” da princesa.

Quando Nena nos deixou, já nos começos da minha adolescência, a história da princesa ganhara nItidez no meu imaginário, com os meus doces pecados nunca confessados…

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