O LIVRO
Aqui vai uma resenha ou a simples opinião de uma aprendiz de comunicação social sobre um livro que como a Booklist retratou ser sem floreios. Comprei o livro, e li a nota do autor; fiquei intrigada, curiosa, e empolgada para ler, a sensação de estar descobrindo algo sobre um mundo que as informações e conhecimentos não se dá a céu aberto, fez meu sangue ferver e comecei a passar as páginas o que parecia ser entre uma biografia, mais ainda a fala de Chris Kyle soar nos meus ouvidos. Como a velha ilustração na minha cabeça que uma boa história é aquela que pode ser contada entre amigos na calçada de casa enquanto crianças correm e brincam, e outros de passagem cuidam de seus compromissos. O presente se volta ao passado para contar sobre como fantástica pode ser a vida de qualquer pessoa, no caso a pessoa a minha calçada era um militar bruto, corajoso, extremamente patriótico, compassivo e simples.
Pensando nisso porque eu deveria dar mil voltas para falar sobre um livro que foi escrito por um militar que amava a ação e não media palavras para se expressar, então DANE-SE e vamos lá. A primeira vez que vi o título “Sniper Americano” foi ao ver o trailer do filme. A história me intrigou (é claro), mas a visão que o trailer me passou nada tinha a ver com o verdadeiro Chris Kyle do livro. Tudo é narrado em primeira pessoa de forma bastante objetiva e pessoal. Eu li e podia até não gostar de algumas opiniões do Seal, mas não pude deixar de admirar o quão convicto de suas crenças e valores era: Deus, pátria e família (sim, é nessa ordem). Como Chris não se abala por expressar suas opiniões num mundo que pode-se chamar politicamente correto (ou melindroso mesmo), ele diz o que acha, e ponto final. Os fatos são narrados de uma forma acelerada e você vibra com os trechos (que não são poucos) sobre a guerra, além de apresentar a contribuição da esposa na narrativa, que providenciou um certo alívio pra mim.
Algo interessante de ser ver no livro é o que o suboficial em cada relato e palavra coloca sua personalidade e seu caráter timbrado na obra. Ao ver as citações vai ver o quanto Kyle aparenta ser uma pessoa simples, humilde e que gosta de trabalhar. No entanto você também fica chocado com alguém que usa palavrão para expressar-se em uma obra, ao menos para mim. Não sou o tipo de pessoa que é rodeada por quem usa esse tipo de linguagem, porém a obra é dele, a vida é dele a história é dele então… Que se dane, ele tem o direito de contá-la da forma que acha melhor (pelo menos penso assim). O fato do amor a pátria é algo que tanto vai inspirar como incomodar a vida do autor. Mas considero louvável a atitude de Chris ao se colocar da forma que é, e isso ser suficiente, goste ou não das afirmativas de Chris, não se pode negar de que era uma pessoa verdadeira, autêntica. Tanto que o próprio reconhece suas próprias pulsões e desejos de violência, mas procura utilizar isso da melhor forma que entende para contribuir para a sociedade que vive. No caso de Chris é defender quem se ama. Claro que existem conhecimentos que Chris compartilha que somente alguém que entende de armas (e não precisa do google para pelo menos visualizar melhor cada uma) vai ter um apreço muito maior sobre a leitura.
Algo que de fato amei, foi ter visto o ponto de vista dos soldados na guerra. Notei pela sua narrativa como também por experiência própria e de amigos próximos, que ao viver de forma cotidiana com experiências difíceis e extremas, você é condicionado a se adaptar para sobreviver aquilo que se está vivendo. No caso, a situação extrema ora se torna comum, ora se torna prazerosa. O fato de pessoas estarem procurando lidar da melhor forma que podem mesmo que de forma bizarra ou com humor negro, hoje me faz entender que talvez um pouco de empatia cairia bem, do que vir algum jornalista de fora que passe seus dias em tranquilidade e querer narrar combatentes como selvagens amorais, não que a guerra não traga o pior das pessoas (porque provavelmente toda situação extrema o faz), mas também lembrar que a situação extrema também é capaz de trazer o melhor das pessoas, como dever cívico, bravura, proteger uns aos outros, e não fugir de nenhuma responsabilidade ainda que o perigo seja mortal. Não estou dizendo que as pessoas merecem ter justificativas dos seus atos errados pelo que fazem de certo. Só digo que merecem no mínimo a dignidade de serem vistas como um todo. E creio que “Sniper Americano” é uma obra que além de emocionante consegue fazer isso. Achei mais do que válida a leitura e recomendo.
A IMPORTÂNCIA DO LIVRO
O livro trata da perspectiva de alguém que vive um viés da parte prática de certas decisões políticas. É importante o destaque das motivações que impulsionam as pessoas a vida militar, como também válido enxergar de forma ampla todas as questões desta autobiografia, como política, sociedade, instituições tradicionais, guerras, empatia, nacionalismo, condicionamento.
O AUTOR
Chris Kyle (1974 – 2013): Membro da equipe Seal 3 da Marinha dos Estados Unidos, recebeu ao longo da carreira militar duas Estrelas de Prata, cinco Estrelas de Bronze com Bravura e diversas outras condecorações. Após atuar em quatro missões no Iraque, tornou-se instrutor chefe no treinamento das equipes de atiradores do Naval Special Warfare. Nascido no Texas, Chris deixou mulher e dois filhos.
Scott McEwen é advogado e mora em San Diego, Califórnia.
Jim DeFelice é autor da biografia Omar Bradley: General at War e de celebrados thrillers militares.
A PUBLICAÇÃO
SNIPER AMERICANO – O Atirador Mais Letal da História dos EUA, publicado pela editora Intríseca em 2015 com 343 páginas.
CURTAS
“Era meu dever atirar, e eu não me arrependo. A mulher já estava morta. Só me certifiquei que ela não levasse nenhum fuzileiro junto”
“UM MAL SELVAGEM E DESPREZÍVEL. ERA CONTRA ISSO QUE LUTÁVAMOS no Iraque. Era por isso que um monte de gente – eu inclusive – chamava o inimigo de “selvagens”. Realmente não havia outra maneira de descrever o que encontramos lá.”
“Não me preocupo com o que as outras pessoas pensam de mim. É uma das coisas que eu mais admirava no meu pai quando criança: ele não dava a mínima para o que os outros pensavam. Ele era quem ele era. Essa é uma das qualidades que me ajudaram a não enlouquecer.”
“EMBORA ME ENVOLVESSE NUM MONTE DE BRIGAS, A MAIORIDA DELAS NÃO fui eu que comecei. Meu pai deixou claro que eu levaria uma coça se ele descobrisse que comecei uma briga. Deveríamos estar acima disso. Autodefesa era diferente.”
“O que tínhamos em comum não eram os músculos, mas a determinação de fazer o que fosse necessário. […] Ser teimoso e se recusar a desistir são a chave do sucesso. De alguma fomra, eu acabei encontrando a fórmula certa.”
“Você tem que entender: nenhum Seal quer morrer. O objetivo da guerra, como disse Patton, é fazer o outro idiota desgraçado morrer. Mas também queremos lutar.”
“Fiquei imaginando por que essas pessoas não foram protestar nas assembleias locais ou em Washington. Mas protestar contra quem recebeu ordens para protegê-las… Digamos que isso me deixou indignado.”
“Mas assim é a política: um bando de jogadores sentados se parabenizando em segurança, enquanto vidas de verdade estão se fodendo.”
“Nunca me preocupei com quem exatamente estava apontando uma arma para mim ou plantando um explosivo improvisado. O fato de que eles queriam me matar era tudo que eu precisava saber.”
“Talvez meu problema com a patente tivesse a ver com o fato de que eu preferia ser um líder de campo, em vez de um administrador de gabinete.”
BONS MOMENTOS
“NOTA DO AUTOR – OS FATOS NARRADOS NESTE LIVRO SÃO VERDADEIROS E EU OS RELATEI da melhor maneira que a minha memória permitiu. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, incluindo funcionários do alto escalão da Marinha, revisou o texto para garantir a exatidão e ver se havia alguma informação confidencial. Embora tenham liberado a publicação, isso não significa que o que leram os agradou. Contudo, esta é a minha história, não a deles. Reconstruímos diálogos a partir de lembranças, o que significa que as palavras podem não ser precisamente as mesmas, porém a essência do que foi dito é fiel. Nenhuma informação confidencial foi usada durante o desenvolvimento do livro. O Pentagon Office of Security Review e a Marinha americana solicitaram algumas mudanças alegando motivos de segurança e todas elas foram feitas. Muitas das pessoas com quem servi ainda estão na ativa como Seals. Outras trabalham para o governo em funções diferentes, protegendo a nação. Assim como eu, todas podem ser consideradas inimigas pelos inimigos dos Estados Unidos. Por isso, não revelei suas identidades completas neste livro. Elas sabem quem são, e espero que saibam que têm minha gratidão. -C.K.”
“Por acaso, estive em situações bem sinistras. Alguns dizem que isso é interessante, porém não encaro dessa forma. Outros falam em escrever livros sobre a minha vida ou sobre certas coisas que fiz. Acho isso estranho, mas também considero que a vida e a história são minhas é melhor que seja eu a contar como tudo aconteceu.”
“Atingir uma cafeteria era golpe baixo. Poderia ter sido pior, creio eu. Poderia ter sido um Dunkin’ Donuts. A piada que todos faziam era que o presidente Bush só declarou guerra quando o Starbucks foi atingido. Você pode se meter o quanto quiser com a ONU, mas, se começar a interferir com o direito de tomar café, alguém terá que pagar.”
“Todo mundo fala que não havia armas de destruição em massa no Iraque, mas parece que se referem as bombas nucleares completas, e não às muitas armas químicas mortais ou aos precursores que Saddam tinha deixado estocado. Talvez a razão seja que os registros nos barris mostravam que os produtos químicos vinham da França e Alemanha, nossos supostos aliados ocidentais. O que sempre me deixa curioso é o quanto Saddam conseguiu esconder antes de invadirmos para valer. Demos tantos avisos antes de chegarmos que sem dúvida teve tempo para remover e enterrar toneladas de material. Em que lugar aquilo foi parar, onde surgirá e o que contaminará… Acho que são perguntas muito boas que nunca foram respondidas.”
“Mas não arrisquei a vida para levar a democracia ao Iraque. Arrisquei-a pelos meus companheiros, para proteger meus amigos e compatriotas. Fui à guerra pelo meu país, não pelo Iraque. Meus país me mandou lá para que aquela merda não fosse parar na nossa terra.”
“ESTE LIVRO JAMAIS TERIA SIDO POSSÍVEL SEM MEUS IRMÃOS SEALS, QUE me apoaram em batalha e durante minha carreira na Marinha. Eu não estaria aqui sem eles e sem marinheiros, fuzileiros e soldados que me protegeram durante a guerra.”
Uma resposta
Sniper filme além do excelente desempenho do protagonsta, outro ator que eu amava como ele agiu Eric Ladin é, como comumente é visto em filmes de suspense ou terror e isso fez um papel notável, vê-lo em uma guerra foi interessante.