Acabou a era dos pacotes mal embrulhados – por HAROLDO ARAÚJO

É fundamental para o país que a economia brasileira volte a crescer de forma sustentada. Os empresários e investidores que buscam incrementar suas atividades econômicas devem orientar essa ampliação em conformidade com os sinais emitidos pelo próprio Ministério da Economia. O discurso do Presidente do BNDES, Gustavo Montezano, indicado por Paulo Guedes, é apenas uma amostra do que se espera em termos de mudança de rumos na economia.

Setores da produção industrial e do comércio divulgaram na imprensa que esperavam mais medidas de impacto. Para que mais impacto do que a aproximação com o governo americano de Donald Trump. A maior economia do mundo. O acordo do MERCOSUL com o segundo maior mercado do mundo, a União Europeia, no exato momento que Bolsonaro assume a Presidência do bloco econômico, poderá dar ao Brasil  grande oportunidade de protagonismo no bloco.

Nesse período de 200 dias, o governo enfrentou desconfianças dentro e fora do Brasil, sem que houvesse qualquer ameaça de ruptura ou desagregação social. Conquanto se duvidasse da capacidade do novo governo em manter a sua disposição de não resistir e copiar modelos que falharam, o governante segurou o leme com medidas de austeridade e sem recuos na decisão de aguardar a aprovação da reforma para iniciar um ciclo de novas medidas de impacto.

A economia brasileira passou por testes que demonstram cabalmente a sua força. Uma economia que tem sido capaz de sustentar um processo democrático dos mais onerosos do mundo (2 impeachments presidenciais bem próximos). Manteve inabalada a confiança de todas as instituições democráticas e a sociedade soube suportar uma monumental queda do PIB. Um teste que mostra, de forma cabal, a competência dos brasileiros e a capacidade de trabalhar.

Das medidas esperadas, podemos destacar a privatização de empresas que não se mostram com capacidade competitiva e que, fora das mãos do governo e atreladas às amarras da legislação, cumpririam melhor sua função geradora de valor adicionado. Com a privatização teriam atuação capaz de gerar mais impostos e empregos sim. Entendo que não é função de governo fazer investimentos em negócios, exceto quando o setor privado não tiver essa potencialidade.

Quem não dispõe de recursos para investimentos em negócios é o próprio governo, que teimosamente insiste em manter essa política de direcionamento de recursos em negócios, quando se tem demandas sociais insatisfeitas em área vitais, a exemplo da saúde, educação e segurança. Inaceitável admitir um erro histórico e hesitar na devida e tempestiva correção. E por que essa correção é tempestiva e inadiável? Porque o povo está cobrando e a fonte secou.

Os rumos da gestão do novo governo estão definidos com o empenho no saneamento das contas públicas, através de reformas e ajustes para recomposição do equilíbrio orçamentário. O governo deixará de ser o grande investidor para aumentar o crescimento, mas poderá gerar recursos para esse fim quando mostrar a capacidade de manter os gastos dentro dos limites previstos em leis de contingenciamento, buscando caminhos para garimpar novos “Fundings”.

Será bem-sucedido o empresário que for capaz de entender a necessidade de fazer seus planos de modo a se enquadrar nos ensinamentos oriundos do comando da economia brasileira, o Ministério da Economia. Para ter o governo como cliente, o empresário terá que oferecer o melhor serviço e o melhor preço e não o apadrinhamento político. O tamanho atual da economia está definido no PIB (próximo de 1% para este ano) e dobrando de percentual em 2020.

Um empresário bem-sucedido precisa ter a competência de acompanhar as mudanças que estão previstas na modernização da economia, acabou a era dos pacotes mal embrulhados.

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

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