A mais desafiadora das crises enfrentadas por Camilo

Os governantes enfrentam problemas mais graves quando perdem o controle de situações que não foram capazes de atuar estrategicamente. Tornam-se impotentes para dominar as pautas e as reivindicações dos amotinados e tudo se complica quando o povo percebe essa incapacidade. Em qualquer campo de atividade a situação pode piorar no instante em que as autoridades constituídas não mais se entendem: “As autoridades policiais se confrontam com o governador”.

Estamos diante de um novo impasse: Greve na Polícia Militar do Ceará. A história se repete porque em 2011 houve acordo para acabar o confronto. Na cidade de Sobral houve enfrentamento com lideranças do estado e o episódio se deu entre o senador licenciado (CID Gomes) e os manifestantes (policiais) com radicalização e ferimentos a bala. O movimento adquiriu maiores dimensões e a consequente situação de “quase pânico” atravessou fronteiras.

Pensando nesse aspecto, o governador do estado, Camilo Santana (PT) solicitou ao Governo de Jair Bolsonaro (sem partido) o envio da Força Nacional, quando foi prontamente atendido através da decretação da Garantia da Lei e da Ordem e destacou o Ministro da Defesa Fernando Azevedo e do Ministro da Justiça Sérgio Moro para vir ao Estado do Ceará. A primeira etapa foi atendida e já cumpre a missão de garantir a Lei e a Ordem com orientação logística do exército

Apenas como exemplo de outras crises que foram contornadas com grandeza das autoridades, a exemplo de crises econômicas em que foram realizadas intervenções em nosso banco estadual, também podemos usar do mesmo altruísmo e desprendimento de questiúnculas partidárias ou ideológicas, como são as que são relacionadas à falta de chuvas, que sempre foram resolvidas através da união de nossos representantes no congresso e o Presidente.

O Estado do Ceará é vítima recorrente de adversidades climáticas e tem sido beneficiado por sábios governantes que souberam utilizar-se de todos os recursos disponíveis por décadas e que foram capazes de nos permitir excelentes resultados de gestão pública. Foi preciso colocar o interesse público acima das divergências partidárias e é isso que se espera do atual governador diante dessa mais nova crise que ceifou mais de uma centena e meia de pessoas inocentes.

A grave situação fiscal do Brasil não fica restrita à União e exige de todas as esferas de poder o necessário entendimento. Entendimento para tocar medidas de ajuste e medidas para sanar problemas inesperados como o que agora aflige o nosso estado. O problema pode ser dividido em partes e uma delas é poder oferecer à população cearense um ambiente propício à continuidade das atividades em geral e de modo a garantir a ordem pública aos cidadãos.

A questão entre o governador e a sua polícia ficou à espera de tratativas locais e não pode ser atropelada pelas forças que ingressaram com outra missão, qual seja a de manter a segurança da população, assegurando policiamento capaz de permitir a livre circulação das pessoas que se deslocam em busca de atendimento e satisfação de suas necessidades pessoais ou econômicas. Cabe ao governante local, Dr. Camilo, promover os entendimentos com os policiais em greve.

Não é a primeira vez que falo da necessidade de um encontro do governante cearense e o Presidente da República e nunca um confronto à distância, como tem sido. A busca de pontos em comum trará governabilidade a partir da previsibilidade das ações a serem empreendidas em conjunto com as esferas de poder, numa união de forças que permita a todos os cidadãos um ambiente propício ao desenvolvimento das atividades de interesse do estado e do povo.

Um estado não se apequena quando seu governador reivindica em favor da solução de causas inesperadas, como tem sido ao longo da nossa história de lutas contra outras adversidades.

 

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.