A LINHA MAGINOT E OS PANZERS DE ROMMEL

[A amarga lição da omissão e de uma preguiçosa perda de tempo. Parábola impertinente sobre a imprevisibilidade das coisas pertinentes]

O Tratado de Versalhes deixou a Alemanha de joelhos. A França outorgou-se o direito a indenizações milionárias como reparação de guerra. Ocupou os território para além do Reno e dos territórios da Alsace-Loraine e impôs severas restrições à Alemanha derrotada.

Os franceses construíram a Linha Maginot, como garantia contra conflitos futuros e viveram, até 1933, de um pensão confortável. Os senhores de uma vitória que lhes custaria muito caro.

O exército francês descuidou-se do seu papel e das contingências que anunciavam conflitos próximos, e celebrou, na política e nos salões da sociedade francesa, a sua força, o seu prestígio e o brilho das suas dragonas.

De De Gaule, um jovem tenente, logo depois já major, foram recusados os projetos de modernização da Armée Française.

Contra as estratégias propostas pelo jovem milita, o Estado Maior do Exército contrapunha a doutrina da guerra fixa e não de táticas móveis.

O tempo avançou, Hitler fez-se Chanceler e Fuehrer, armou a Wehrmacht, retomou os territórios ocupados, enquanto o Estado Maior francês celebrava os restos de uma nobreza distante e as vitórias, e escorava-se tendo como estratégia militar a inexpugnável Linha Maginot. Ainda envolvera-se na defesa de um militar de alta hierarquia da acusação de traição — e condenava um capitão judeu em seu lugar.

Um domingo, numa tarde preguiçosa nas Ardennes, as tropas francesas, acantonadas à sombra da Linha Maginot, perceberam o ruído surdo das roldanas nas estradas — invadiam a França os panzers do marechal Rommel, o estrategista que faria da guerra que se iniciava exemplo de uma ação guerreira móvel…

O resto da história nós o conhecemos. Da trágica ascensão do nazismo na Europa ficou a lição pelos divertidos e opulentos tempos de paz desfrutados pela França e pelos seus estados-maiores entre duas guerras trágicas.

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