As sociedades democráticas se amparam na transparência das informações e carregam a enorme responsabilidade de proteger os informantes abastecedores, também, para dar mais espaço e segurança à comunicação. A intenção de fortalecer os meios de comunicação se consolida com a garantia legal do sigilo. Posso afirmar que a responsabilidade de quem informa é maior ainda, dada a repercussão e desdobramentos após a divulgação da matéria.
O jornalista precisa ser desconfiado, imparcial, isento, curioso, sempre ter senso crítico e nunca deixar de trabalhar com a verdade. Filtrar a relevância, a importância dos fatos e muita ética na escolha do tema e título da manchete. O aumento da credibilidade aconteceria quando se decidisse os temas da edição após ouvido o conselho editorial ou um outro capaz de prever a avaliação dos impactos que causasse na política e reflexos na economia e na vida das pessoas.
Imagino que todos os setores da imprensa tenham essa mesma preocupação. Posso explicar com fatos recentes que envolveriam, isso mesmo no condicional, instituições e seus representantes. É inadmissível que a divulgação de fatos se dê sem os cuidados na avaliação das consequências, sobretudo quando contêm informes que não foram devidamente certificados, de modo que se evite possíveis incriminações capazes de gerar recorrentes crises políticas.
O Presidente da República tem a responsabilidade de conduzir os rumos do país, assim como quem o cita em reportagens deveria ter o mesmo cuidado. Acredito que o profissional da área jornalística pode agradar ou desagradar e essa escolha certamente não é do profissional e, também, não é o verdadeiro objetivo da imprensa. A democracia se respalda na crítica e nas discordâncias, portanto, nem sempre no consenso, para se ter um aperfeiçoamento da gestão.
Há um vídeo que circula nas redes sociais, em que o Dr. Gilberto Carvalho (ex-ministro de Lula e Dilma) gravou minuciosa exposição sobre a necessidade de que um governo precisasse de cobertura jornalística. Evidentemente que se referia aos governos de Getúlio e dos governos que participou. Suas razões são a estabilidade política e seus reflexos na economia. A economia brasileira sofre com os reflexos causados por crises políticas turbinadas.
Um Presidente não pode, ou pode mas não deve, comprometer elevadas cifras para direcionar à propaganda governamental. Não em momentos delicados, como o que agora o país atravessa. São inúmeras as razões para que se estabeleçam prioridades. Se estamos em crise econômico-financeira em função dos elevados gastos, a redução deverá contemplar a todos os segmentos e não se deve criar feudos ou área de privilégio passando ao largo desse contingenciamento.
Nosso país não pode se dar ao luxo de constantes instabilidades oriundas de crises políticas, que sabemos muito bem a origem. Começam com a impossibilidade de se ter orçamentos superavitários e nas discordâncias da divisão de quem vai pagar. É preciso corrigir o déficit. O problema está na correção desse déficit que já começa a gerar insatisfações nos setores que dependiam de verbas governamentais. A solução está no entendimento político.
A parte da imprensa nesse sacrifício está em saber buscar alternativas de receitas fora do setor público. Em segundo lugar, compreender que terá a missão de não criar focos de tensão que possam gerar instabilidades causadoras de crises. Crises que abalam a política e que podem causar reflexos na economia. Falar da economia é lembrar que todos dependemos dos seus bons resultados e não trilhar esse caminho é dar força para a continuidade das crises e mais crises.
Meu alerta é para que a imprensa tenha a exata dimensão das repercussões das notícias e que isso depende de maior atenção. A pressa em noticiar é inimiga da perfeição e amiga das crises.