A imprensa e Bolsonaro seguem juntos desde a campanha – CAPABLANCA

A grande e tradicional imprensa brasileira, que constrói facilmente seus consensos, afastou-se tanto da verdade dos fatos, afastou-se tanto do mínimo bom senso e do mínimo de qualidade jornalística que acaba de encontrar-se, perfilar-se e manter-se no mesmo nível dos mais baixos  padrões do presidente Jair Bolsonaro. Estão a imprensa e o presidente na mesma altura. Ambos desprezam a verdade factual (a única verdade que existe e à qual todo jornalismo de qualidade e a política séria se rendem) e criam sua própria “verdade”, fake, se necessário.

É absolutamente falso que os últimos presidentes da República destruíram o Brasil. Mas a imprensa vem dizendo, repetindo e insistindo, desde 2014, que o Brasil vivia uma situação de urgência, de emergência, dramática a tal ponto que precisava ser salvo a qualquer custo, de qualquer jeito. Desde então, perdeu-se o senso e tudo é ideológico, tudo que havia antes estava errado e corrompido. Que havia uma crise moral e ética, que havia uma crise econômica e social de proporções oceânicas, sem precedentes na história e no planeta.

E a saída, qual era? Derrubar o governo e executar uma nova agenda econômica de “reformas” e “privatizações”. Falso como uma nota de três reais.

Estamos entrando no quinto ano sem um projeto aprovado nas urnas, estamos entrando no quinto ano sem um projeto de desenvolvimento, sem um plano econômico com começo, meio e fim, estamos entrando no quinto ano de destruição…

E o que diz a imprensa? Que é preciso acelerar a agenda de reformas e acelerar as privatizações. Nada de planos, nada de projetos, nada de debates, nada de estudos, pesquisas e aprofundamento. Nada de inteligente e responsável.

Pronto, Está aí o ponto de encontro e nivelamento de Jair Bolsonaro e a grande e tradicional imprensa e seu consenso, partilhado e apoiado pela enorme maioria dos membros do Congresso.

Qualquer economista sabe que nenhuma das tais reformas tem qualquer impacto positivo sobre a crise. Aliás, o único fundamento econômico negativo da economia que suge no final de 2014 é um déficit primário de pequena monta. E, agora, passados mais de quatro anos, não é nem resolvido, nem efetivamente enfrentado.

Pedem-se sacrifícios aos trabalhadores com perdas na remuneração do trabalho, na aposentadoria e na qualidade dos serviços públicos e nada, absolutamente nada se lhes dá em troca. Só o aceno vazio de que os investidores voltarão.

Na verdade, os investidores estão é saindo.

A imprensa e Bolsonaro estão juntos desde a campanha (ainda que aqui e ali trocando cotoveladas) e cada vez mais parecidos, unidos pela distância da verdade. E por um inimigo comum que teima em não morrer e desistir.

Capablanca

Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.

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Ernesto Luís “Capablanca”, ou simplesmente “Capablanca” (homenagem ao jogador de xadrez) nascido em 1955, desde jovem dedica-se a trabalhar em ONGs com atuação em projetos sociais nas periferias de grandes cidades; não tem formação superior, diz que conhece metade do Brasil e o “que importa” na América do Sul, é colaborador regular de jornais comunitários. Declara-se um progressista,mas decepcionou-se com as experiências políticas e diz que atua na internet de várias formas.