A importância do Banco do Nordeste para o Brasil, por HAROLDO ARAÚJO

A política para correção das desigualdades regionais ou sociais não deve ser ideologizada, nem mesmo como bandeira de partidos ou de representantes de bancadas da região, mas ser uma preocupação para com o nosso futuro enquanto nação. Mesmo as políticas liberais, e principalmente elas, geram aumento das desigualdades. As políticas nesse sentido corrigem descaminhos de políticas mais liberais, conforme disse.

Espero que não aconteça com o Banco do Nordeste o mesmo esvaziamento que vitimou outras Instituições, como SUDENE, DNOCS e outras que não são, no momento, o foco de nosso comentário. O bom desempenho do FNE (Fundo Constitucional do Nordeste) deve-se à expertise do Banco do Nordeste que recebeu essa atribuição na forma da Lei 7827/89. Essa competência dos técnicos do Bnb é cultura e não pode morrer depois de 67 anos de existência.

Na gestão dos recursos do FNE na região, são 30 anos de aplicações com retorno, beneficiando os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e todos os demais da região Nordeste. Avaliações dos impactos das instabilidades de origem climáticas em toda a região, mostram bons resultados das aplicações dos recursos constitucionais. Cerca de R$ 250 Bilhões sendo mais da metade destinada a mini, mico e pequenos empreendimentos.

Sabe-se que o Banco do Brasil e o BNDES concentraram ao longo de décadas significativa parcela de seus recursos na Região Centro-Sul, sendo essa uma das justificativas para a criação desta Instituição Financeira, que atua como banco comercial e como banco de desenvolvimento. Os fundos são constitucionais, portanto, uma vontade constitucional. Surgiram com o fim das operações de fomento pelo Banco Central. Não posso afirmar que tenha uma relação de causa.

É fato que O FNE não é a fundo perdido e tem que ser pago. São operações que visam corrigir desigualdades (regionais)  causadas pelas irregularidades do clima! Observe-se que a política de amparo à região Nordeste foi capaz de deter a evasão de pessoas na idade produtiva para os estados mais desenvolvidos. O reconhecimento de nossos gestores, mantendo o BNB, deverá ficar ao largo da opção ideológica, porque repousa na igualdade de oportunidades entre regiões.

Segundo Norberto Bobbio (1909-2004), liberdade e igualdade são valores necessariamente complementares. Carlos Rosselli (1899-1937) dizia que Liberalismo ou Socialismo não são ideias ou ideais contrapostos, porque precisam se conciliar entre si, na medida que atentem para as variadas situações históricas de cada povo. Para ele o liberalismo ou socialismo igualmente recomendam essa ponderação. É preciso averiguar situações específicas de cada região.

O povo nordestino foi cantado em versos: “Acima de Tudo um Forte”, também, em razão de sua resiliência em permanecer na sua terra. Rachel de Queiróz (1910-2003), uma brava cearense, descreveu a grande seca de 1915, sofrimento que o povo suportou quando não havia os atuais recursos mais modernos, a exemplo de Instituições citadas. Michelle Bolsonaro já declarou ser possuidora do sangue dessa brava gente do sertão de Crateús, Ceará.  Sim! O orgulho é nosso.

Destaco que a importância do Banco do Nordeste para a correção das desigualdades, beneficia não só a nossa região, mas beneficia o centro-sul também. Por que? Porque ajuda a manter o nordestino em sua terra e a evitar o êxodo, mantendo nossos jovens em idade produtiva na sua própria terra em consonância com o pensamento que originou a criação dos FUNDOS CONSTITUCIONAIS. Imaginem senhores os custos sociais para abrigar os emigrantes à cada seca?

O Banco com sede no estado do Ceará, tem 67 anos de existência, financiando o chamado Polígono das Secas, uma significativa importância para todo o Brasil, porque beneficia a todos.

 

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.

Mais do autor

Haroldo Araujo

Funcionário público aposentado.