Os dois pezinhos dos empresários brasileiros estão cada vez mais furadinhos. É que eles não param de atirar nos próprios pés. Se os empresários não pararem de agir assim, em meses não haverá mais pés. Tudo começou faz uns cinco anos, quando eles apostaram contra a democracia e apoiaram a desestabilização política e econômica. Podem botar a culpa onde e em quem quiserem, mas apoiaram e apostaram na desestabilização.
Feita a mudança de guarda, em troca de promessas infantis do tipo “a confiança vai voltar imediatamente”, “os investimentos vão voltar”, “o grau de investimento vai voltar”, “os empregos vão voltar”, passaram a apostar em dois presidentes (Temer e Bolsonaro) que cantam um samba de uma nota só: reformas e privatizações. Nem as reformas, nem as privatizações criam demanda, atraem investimento produtivo ou criam empregos. Empresário com mais de dois neurônios sabe disso, mas apostaram e a cada ano dobra-se a aposta. Tome bala no pezinho.
Empresário não estuda história, mal lê jornal. Ignora o que acontece à sua volta. O desastre silencioso do Chile, a destruição lenta da Argentina, os eventos austericidas da Europa, a reação inteligente dos EUA, o sucesso da China e da Coréia do Sul, eles entendem ao contrário (quem os manipula?) e a devastação no mundo inteiro de políticas econômicas que nunca deram certo em lugar nenhum e em tempo algum (a história prova).
Como são empresários privados, eles pagam a própria conta (nem todos, claro) e estão com seus negócios em frangalhos, vendas menores, mercados menores, demanda menor, dívidas maiores. Pronto, eis o caldo de cultura perfeito para que o tal vírus faça a destruição violenta e explícita.
E o governo reage do jeito errado, porque o governo pensa errado. Imagine que o ministro da Economia sugere que se mantenha o foco nas reformas e que se acelere a privatizacão. Impossivel ser mais estúpido do que isso? Não, o ministro quer criar uma norma que facilite a decretação de férias coletivas, que agilize a demissão de trabalhadores, a redução de jornas e a redução de salários.
O secretário do Ministro diz que o mais importante é flexibilizar apenas o gasto de saúde. E que o país vai enfrentar melhor a crise por causa das reformas e da privatizacão.
Querem provocar um colapso no abastecimento (pensem no desdobramento possível) ? Vão em frente com essa irresponsabilidade.
Ou querem investir na volta mais ou menos rápida à normalidade? Nesta opção, o certo a fazer é garantir as condições para que a indústria continue a produzir, que os empregos sejam mantidos e os salários sejam preservados. Que o Estado se endivide a juro baixo (3,75% ao ano não é baixo!) e dê suporte para o empreendedor que efetivamente gera emprego e produz crie condições sanitárias (com suporte médico-científico) e de logística adequadas para evitar logo adiante o caos do desabastecimento ou coisa ainda pior.