O Brasil é vítima da concentração de seu modal de transporte no sistema rodoviário. A escolha dessa matriz de transporte foi de Juscelino Kubitschek e nos deixa refém da influência do preço dos combustíveis na cadeia produtiva. Os fatos recentes mostram que o Brasil mudou. Após a posse de um novo governo, os brasileiros já percebem a forma com que os problemas recorrentes são enfrentados. Exemplo evidente é o da decisão do aumento dos combustíveis.
Temos uma Global Player que é a Petrobrás e ainda é a dominadora empresa de refino que existe no Brasil, ainda que o mercado esteja aberto a outros concorrentes há mais de 20 anos. Poucos se aventuram a disputar o mercado com este gigante estatal, talvez ainda esteja entre as dez maiores do mundo junto com outros gigantes privados como a Exxon e a Chevron dos EUA. Outra estatal é a Pemex: Uma grande influência no mercado, mas não como a Petrobrás.
Ainda no governo de Michel Temer, tivemos uma greve dos caminhoneiros que causou grande impacto na economia brasileira, extremamente dependente do transporte rodoviário. Essa é a preocupação do governante. Os analistas de mercado foram devidamente esclarecidos acerca da decisão governamental de barrar o aumento de 5,7% que o presidente da estatal Roberto castelo Branco se obrigou a suspender, mostrando mais atenção com os desdobramentos
Ao escolher o economista Paulo Guedes para o superministério da economia, Bolsonaro sinalizou que pretendia trazer os benefícios da competitividade para nossas empresas. Acho que o nosso governante quer verificar a formação dos preços (custos) da estatal para saber qual a razão para o aumento pretendido. A falta de concorrentes para a Petrobrás, certamente, dá ao governo elevado poder decisório, mas o esperado era que não repetisse o que antes se fazia.
Sabemos que a situação do Brasil, neste particular, expõe os consumidores aos riscos de preços descontrolados (para cima) em face dos prejuízos de qualidade, por falta de concorrência e característicos das empresas monopolísticas. A problemática dos preços de combustíveis, no Brasil, vem desde a época em que a Petrobrás atuava em conjunto com o governo na política de formação dos preços. Havia uma conta que receberia os impactos iniciais para conter os preços.
Os combustíveis tinham seus preços alterados com a valorização dos preços internacionais, com a variação cambial e com a inflação. Quando a Presidente Dilma tentou segurar a inflação em seu primeiro mandato (2011-2014) e recebeu a ajuda da petrolífera brasileira pela via do congelamento. Adriano Pires chegava a comentar que a diferença no governo Dilma poderia ter alcançado os 30%: Foi quando acumulou prejuízos! O governo atual quer analisar os custos.
Sabe-se que não é o simples fato de ser uma estatal que faz a Petrobrás ser imbatível, mas por sua liderança no mercado de refino, principalmente. Desde 1997 que o setor já não é exclusivo, mas os que adentraram no mercado de prospecção, também, não se aventuraram a competir com a nossa estatal no refino. Sabe-se que há refinarias que não são da Petrobrás e que são da iniciativa privada, mas com participação ínfima no total da produção brasileira. É a verdade!
A importação de combustíveis ainda é permitida, resultou e pode resultar em significativa participação no consumo brasileiro. Fato que estimulou a produção das refinarias da iniciativa privada. Como se pode verificar, a própria Petrobrás deverá se modernizar para a melhoria da produção e da produtividade. É isso que o governo atual está a exigir e não será o povo brasileiro que irá pagar o preço de uma nova greve que paralisou todo o sistema de transporte do Brasil.
A queda das ações da Petrobrás na Bolsa foi de 8,5%, mas os analistas sabem que há uma diferença monumental entre a decisão do governo atual e as intervenções do governo Dilma.