Impeachment é golpe ou democracia constitucional?, por Luís Eduardo Fontenelle Barros

Como todo brasileiro preocupado com a terrível crise moral e econômica que nos aflige nos últimos anos, confesso que me sinto confuso diante das manifestações populares, principalmente dos partidários do PT. Têm conseguido, pagando ou não, alguns milhares de pessoas nas ruas para combater o Golpe e a favor da Democracia! Ora, se a bandeira deles fosse verde e amarela, as causas seriam as mesmas dos milhões de brasileiros que foram às ruas para defender a Democracia.

O problema é que eles denominam Golpe o exercício do direito, contido na nossa constituição democrática, de pedir o “Impeachment” da Presidente por descumprimento das leis. Interessante é que não negam que ela descumpriu as leis, embora com a boa intenção de agradar aos eleitores num nível superior à real capacidade financeira do Erário. Também não negam que apoiaram o que “Impeachment” do Collor e, naquela época, isso não era golpe. O mais absurdo é que não propõem retirar da Constituição o artigo que assegura o direito de “Impeachment”. Aí é que eu fico confuso. É golpe ou direito constitucional?

Paralelamente, considerar um ato antidemocrático um Juiz de Direito, no pleno exercício de suas atribuições, possa pedir a prisão de um ex-governante, por melhor que possa ter sido, acusado após contundentes evidências de ter se beneficiado de favores de empresas condenadas por fraudar o governo dele e o seguinte. O que seria democrático, então? Se um político praticou algumas boas ações ele se torna acima da lei? Pode fazer o que quiser e ninguém pode criticá-lo? Se assim for, por que não pedem a mudança das leis que dizem que esses atos devem ser punidos com a prisão?

Penso que esses brasileiros, alguns até bem-intencionados, estão defendendo um ídolo – que saiu da pobreza e chegou à Presidência da República – sem perceber que, na verdade, ele fez isto, mas também montou uma extensa quadrilha que está saqueando a Nação em todas as áreas em que atua. O mensalão foi só o primeiro caso. Atualmente estão descobrindo as falcatruas do Petrolão. Ainda não deu tempo para apurar os desvios nas hidrelétricas, no RH da Petrobrás, no apoio ao Eike Batista, nos financiamentos secretos do BNDES etc.

Enquanto esse cidadão continuar em liberdade e sua sucessora no poder, o Brasil continuará à deriva e, aí sim, a democracia estará em perigo. Pois, a democracia existe para assegurar o direito da maioria e não para proteger os descaminhos de uma minoria.

E, é importante ressaltar, como um cidadão comprometido com o futuro do meu País, não tenho bandidos de estimação. Caso encontrem provas contra políticos da oposição, eles também devem ser punidos de acordo com a gravidade de seus delitos. Por isso que me vesti de verde e amarelo e fui às ruas. Para defender a democracia, tão duramente conquistada e impedir que ela seja usada como biombo para esconder a sujeira que muitos praticaram.

Luís Eduardo Fontenelle Barros

Economista e consultor empresarial.

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Economista e consultor empresarial.