Quatro trechos do livro Estado Empreendedor, de Mariana Mazzucato
1. Assim como a California e o Texas se apropriaram do Mexico através da imagem propositalmente fabricada do “mexicano preguiçoso” debaixo de uma palmeira, o Estado tem sido atacado e crescentemente desmontado por meio de imagens do seu caráter burocrático, paralisante, pesadão.
2. O Estado … “tolamente” desenvolvendo inovações? Sim, a maioria das inovações radicais, revolucionárias, que alimentaram a dinâmica do capitalismo – das ferrovias a internet, ate a nanotecnologia e farmacêutica modernas – aponta para o Estado na origem dos investimentos “empreendedores” mais corajosos, incipientes e de capital intensivo.
3. O Estado não é nem um intruso nem um mero facilitador do crescimento econômico. É um parceiro fundamental do setor privado – e em geral mais ousado, disposto a assumir riscos que as empresas não assumem. O Estado não pode e não deve se curvar facilmente a grupos de interesse que se aproximam dele em busca de doações, rendas e privilégios desnecessários, como cortes de impostos.
4. Em muitos casos, investimentos publicos se transformaram em entrega de negocios, enriquecendo indivíduos e suas empresas mas oferecendo pequeno (direto ou indireto) retorno para a economia ou para o Estado. Isso fica mais evidente no caso da industria farmaceutica, em que medicamentos financiados com dinheiro publico acabam ficando caros demais para os contribuintes (que os financiaram). Isso também se aplica ao caso da TI (tecnologia da informação), em que os investimentos de alto risco do Estado alimentaram os lucros privados, que depois ficam protegidos e deixam de pagar impostos ao governo que os estimulou.