Um vídeo que circula pela internet, mostra um homem espremendo e esfregando os olhos, falseando a voz, de forma a fazer uma criança pensar que estaria de fato chorando, aqueles choros sem um pingo de lágrima.Durante os poucos segundos ele fala em arrependimento, invoca o nome de Deus e de Jesus Cristo, fala na família e diz que a mulher que ele agrediu é a “mulher da vida dele” e que não vai abrir mão da família.
O sujeito em questão é a pseudo-celebridade Naldo Benny, um rapaz que canta funk e que até então, tinha a fama de “bom moço”, a mulher agredida e a quem ele declara arrependimento de ter dado uns tapas, foi Ellen Cardoso, dançarina e companheira dele, até então.De acordo com a imprensa o casal se desentendeu e o funkeiro proferiu socos e tapas na moça, por isso foi preso, para sua infelicidade também tinha uma arma em casa, que não era registrada.Após todo o bafafá, ele foi solto e a justiça concordou com uma ordem de proteção à dançarina.
Casos como esse infelizmente são mais corriqueiros do que imaginamos. Numa tentativa de reverter a péssima imagem que ele mesmo criou ao agredir a companheira, Naldo publicou na internet o vídeo citado acima. A assessoria do funkeiro liberou uma nota onde fala que ele lamenta o ocorrido e que a moça “abandonou” a casa, levando a filha.
Ao ler a nota, a impressão que temos é que o fato dele ter agredido a mulher, e ter sido preso por isso, talvez não seja mais forte de que a moça ter “abandonado” a casa da “família”, certamente por medo de apanhar mais, ou quem sabe até perder a vida, posto que o sujeito anda armado.A forma como a sociedade ainda encara a situação da mulher que sofre violência,ainda traz traços fortíssimos de um machismo absurdo e entranhado no dia a dia das pessoas.Ele bate, mas ela tem que ficar em casa, pra apanhar mais, porque se sair fica “mal falada”, afinal, ela “abandonou o lar”.
O caso acima veio à tona, por ambos, tanto ele quanto ela, figurarem vez ou outra na mídia. Dá pra imaginar o que acontece com aquelas pessoas que não tem visibilidade. Apanha dentro de casa, fica sem sair durante alguns dias, alegando doença ou o que seja e o agressor cercando, às vezes rogando arrependimento e chorando as lágrimas de crocodilo, que nem o Naldo.
E o ciclo recomeça, muitas vezes só se encerra com a morte da mulher.
Diante de um panorama de violência cada vez mais exposto, vale ressaltar que o trabalho da polícia vem sendo realizado e se fortalecendo no meio social a importância da denúncia. Não basta sair do ambiente de convívio com o agressor, muitas vezes as mulheres são vítimas de uma pressão psicológica imensa, o que dificulta a tomada de decisão, pois quando nos envolvemos e dividimos a vida com outra pessoa, geralmente existem laços que não são quebrados nem quando se sofre agressão física, por isso em geral a mulher acaba voltando ao convívio do agressor.A sociedade precisa exigir debates, cobrar do Estado maior esclarecimento e o fortalecimento/aplicação das Leis com penas mais severas aos agressores, nós precisamos continuar falando sobre os abusos, sobre o machismo.
Dados: A cada 2 segundos uma mulher é vítima DE VIOLÊNCIA FÍSICA. (Fonte: Relógios da Violência, do Instituto Maria da Penha)