A classificação de risco de crédito do Brasil caiu mais um degrau. A Standard & Poor’s derrubou a nota para três degraus abaixo do grau de investimento. O impacto real dessa decisão na economia vai de zero a alguma coisa pouco relevante.
Faz tempo que o Brasil não é mais um frágil tomador de empréstimos para fechar suas contas com o exterior. Faz já quase dez anos que o Brasil conquistou sua independência do Fundo Monetário Internacional e dos grandes bancos internacionais – agora o país tem US$370 bilhões de dólares de reservas, o que seria mais que suficiente para cobrir a dívida brasileira em moeda forte.
Estamos falando da economia real. No mercado financeiro, entretanto, essas decisões são super-valorizadas e magnificadas e costumam ser avaliadas (quando caem) como um fracasso do país ou (quando sobem) como um sucesso do país. É o jeito e a ferramenta (um deles, melhor dizendo) do sistema bancário internacional monitorar e pressionar um país para fazê-lo agir e decidir conforme seus interesses e suas expectativas.
O nome explica por si só. Classificação de risco é, concretamente, o grau de risco de um país ou uma empresa não honrar suas contas por não dispor de recursos para fazê-lo, ou caminhar para isso. Por maior que seja o desastre da gestão atual Temer-Meirelles, não é o caso. E o termo ‘grau de investimento’ (que o país conquistou há dez anos e perdeu há mais ou menos dois anos) significa que ‘o mercado pode confiar’. Esses números, em tese, afetam o interesse dos investidores e emprestadores e, também em tese, aumentam os custos desses empréstimos. Mas, muito mais em tese do que concretamente, na maioria dos casos/
A agência diz que a fragilidade política do governo federal na ação de passar as “reformas” é a causa central da queda. E teme pela ‘reforma previdenciária’, que nada tem a ver com a capacidade de pagamento do país em moeda forte.
As empresas de classificação de risco perderam a credibilidade. As maiores quebras do mercado mundial aconteceram com empresas e bancos que estavam classificados com a nota máxima pelas três grandes agências, como o escândalo da Enron, ou o estouro da boiada do Lehmann Brothers em 2008.
Para pressionar a opinião pública e o Congresso, a classificação de risco será possivelmente útil.