“… Na guerra cibernética não se usam armas físicas mas o campo cibernético com a utilização de virus e hackers sofisticados que entram nas redes digitais do inimigo para anular e eventualmente danificar os sistemas informáticos. Os principais objetivos são geralmene os bancos, os sistemas financeiros ou militares e todo o sistema de comunicação. Os combatentes desta guerra são especialistas em informática e telecomunicações.
Este tipo de guerra foi testado várias vezes; já em 1999 na guerra do Kosovo, onde hackers atacaram até o porta-aviões norte-americano. Talvez o mais conhecido foi o ataque à Estônia no dia 26 de abril de 2007. O país se gabava de possuir quase todos os serviços do país informatizados e digitalizados. Um pequeno incidente da derrubada da estátua de um soldado russo, símbolo da conquista russa na última guerra, por civis da Estônia serviu de motivo para a Rússia dirigir um ataque cibernético que paralizou praticamente todo o país: os transportes, as comunicações, os serviços bancários, o serviço de luz e água. Nois dias seguintes desapareceram os sites do Parlamento, das Universidades e dos principais jornais. As intervenções vinham de dez mil computadores, distribuidos em váras partes do mundo. O chefe de Estado da Estônia declarou acertadamente:”nós vivíamos no futuro: bancos online, notícias online, textos online, shoppings online; a total digitalização fez tudo mais rápido e mais fácil, mas também criou a possibilidade de, em segundos, nos fazer regredir séculos”.
Bem conhecido é o virus Stuxnet, possivelmente produzido por Israel e pelos USA que conseguiu entrar no funcionamento das usinas de enriquecimento de urânio do Irã, aumentando-lhe a velocidade a ponto de racharem e impossibilitaram seu funcionamento.
O risco maior da guerra cibernética é que pode ser conduzida por grupos terroristas como o ISIS ou por um outro país, paralisando toda infraestrutura, dos aeroportos, dos transportes, das comunicações, dos serviços de água e luz e mesmo romper os segredos de aparatos de segurança de armas letais e faze-las disparar ou inutilizá-las. E tudo isso a partir de centenas de computadores que funcionam a partir de diferentes partes do planeta, impossibilitando identificar seu lugar e assim enfrentá-las.
Estamos, portanto, face a riscos inomináveis, fruto da razão enlouquecida. Só uma humanidade que ama a vida e se une para preservá-la nos poderá salvar.
(Trecho final de artigo)
Leonardo Boff é articulista do JB on line e escreveu Cuidar da Terra-proteger a vida:como escapar do fim do mundo,Record 2010.